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                                       Política Alvissarista

 

A Filosofia Alvissarista da Política é a parte desta doutrina filosófica que se ocupa especificamente da essência, da origem e da natureza da política e das relações de poder entre os indivíduos que compõem a sociedade.

 

Para nós, a política consiste na encarnação do Verbo, pois ela proporciona ordem ao mundo através da divisão de poderes. A ideia de que a política consiste na encarnação do Verbo está ligada à tese Alvissarista de que há uma relação direta entre a política e a linguagem, e esta relação está estruturada de tal forma que a origem primitiva da linguagem marca também a origem primitiva da política, ou seja, para o Alvissarismo a politica é estruturada como uma linguagem. Este aforismo Alvissarista implica em três teses fundamentas para a política:

 

1°- A política pode ser dividida em unidades, que são os partidos políticos.

 

2°- Existe uma dupla dimensão de leitura da politica, esta dupla dimensão refere-se à diacronia consciente da Esquerda e à sincronia inconsciente da Direita.

 

3°- A política está referenciada tanto a outras políticas quanto à sociedade como um todo.

 

Para o Alvissarismo a política é uma estrutura de poderes. Uma estrutura de poderes define do que um sistema político é constituído. A política é uma configuração de elementos de poderes. É uma coleção de componentes ou poderes inter-relacionados. A estrutura política é uma hierarquia, ou seja, uma cascata de relacionamentos de poder (um-para-vários), onde está contida sua dimensão diacrônica e consciente, que se refere à ideologia ditatorial de Esquerda,  marcada pela propriedade coletiva dos meios de produção, pela ostensiva intervenção do Estado na economia, pelo protecionismo, pela repressão, a censura, o limite, funcionando como o superego do sistema político, regido pelo princípio de realidade, tendo como objetivo principal inibir (através de punição ou sentimento de culpa) qualquer impulso contrário às regras e ideais por ele ditados. O ditador serve aqui como uma espécie de consciência moral autoritarista, forçando o povo a se comportar de maneira moral (mesmo que de modo irracional), conduzindo o povo à perfeição em gestos, pensamentos e palavras (sociedade ideal). A Esquerda produz uma sociedade onde os indivíduos são pacientes, esperam, buscam sempre uma solução não imediata para as tensões, aceitam frustrações e conhecem bem a inibição e o limite. A ideologia de Esquerda parece estar preza à realidade, satisfazendo-se apenas com os bens necessários para sobreviver, conhece o juízo, a lógica, os valores morais e éticos, é racional, social, altruísta e dirigida exclusivamente pela realidade, ou seja, a ideologia de Esquerda estrutura uma sociedade baseada no imperativo categórico Kantiano. Mas a estrutura política também é uma rede contendo relacionamentos de poder (vários-para-vários), onde está contida sua dimensão sincrônica e inconsciente, referente à ideologia democrática de Direita, marcada pela propriedade privada dos meios de produção, pela não intervenção do Estado na economia, pelo liberalismo, por pulsões, instintos, impulsos e desejos egoístas, funcionando como o id do sistema político, regido pelo princípio de prazer, ou seja, a ideologia de Direita busca sempre o que produz prazer e evita o que produz desprazer. A Direita produz uma sociedade onde os indivíduos são impacientes, não esperam, buscam sempre uma solução imediata para as tensões, não aceitam frustrações e não conhecem inibição, limite. A ideologia de Direita parece não ter contato com a realidade, satisfazendo-se por fantasias ilusória como o consumismo e o acumulo desenfreado de bens materiais, desconhece o juízo, a lógica, os valores morais e éticos, sendo exigente, impulsiva, cega, irracional, antissocial, egoísta e dirigida exclusivamente pelo prazer, ou seja, a ideologia de Direita estrutura uma sociedade baseada no Hedonismo e no Epicurismo. 

 

Como podemos ver, a política não nos mostra seu significado através da sequência dos acontecimentos tal como são apresentados na história da humanidade. O significado da política está vinculado a grupos de acontecimentos históricos que às vezes encontram-se até afastados na história da humanidade. Por isso temos que ler a política em dois níveis. Tanto no sentido normal de qualquer leitura quanto como um todo, referenciando-se a outras economias próximas daquela analisada. É preciso perceber a política como se percebe uma totalidade, pois só assim nós obtemos o significado da política. Um determinado grupo de acontecimentos na política pode está relacionado com outro grupo às vezes surgido dezenas, centenas ou milhares de anos no passado. Ou, ao contrário, um grupo de acontecimentos políticos surgidos dezenas, centenas ou milhares de anos no futuro podem ser aproximados de um grupo de acontecimentos políticos referentes à origem primitiva da política. Isso implica que os acontecimentos políticos sucedidos no passado geram consequências no presente da mesma forma como os acontecimentos políticos do presente produzem consequências no futuro. Por isso a política parece uma partitura musical.

 

A partitura musical, assim como a política, permite a leitura comum, linha por linha, da esquerda para a direita, num movimento que possui princípio, meio e fim. Esta dimensão da política é a que chamamos diacrônica, que se refere ao lado consciente do processo político, referindo-se à ideologia de Esquerda. No entanto, a política também possui um lado sincrônico e inconsciente, referindo-se à ideologia de Direita. A dimensão sincrônica e inconsciente da política nos dá o significado desta como um todo. A política pode se iniciar de uma forma e, em seguida apresentar variações, crises, mudanças, inversões, retomadas, repetições e etc. Os movimentos na política estão relacionados uns com os outros.

 

Vamos usar uma ilustração dessas dimensões diacrônica e sincrônica. Digamos que os acontecimentos políticos surgidos na história da humanidade são estruturados da seguinte forma:

 

                                                         1  2     4         7  8

                                                             2  3 4     6      8

                                                         1         4  5     7  8

                                                         1  2         5     7

                                                                 3 4  5  6     8

 

Devemos olhar este quadro como se olha uma partitura musical. Os números da esquerda para a direita, linha após linha, indicam a dimensão diacrônica e consciente da política, referindo-se à ideologia de Esquerda. Já os números que se repetem nas colunas nos dão a dimensão sincrônica e inconsciente da política, referindo-se à ideologia de Direita. Na sincronia inconsciente, temos todas as relações políticas das colunas no sentido de suas repetições.

 

Além da ideia de que a política pode ser, como a linguagem, dividida em unidades, que são os partidos políticos, e a ideia de que a política se estrutura em duas dimensões, uma diacrônica e consciente e outra sincrônica e inconsciente, sendo a política referenciada a dois eixos, a Esquerda e a Direita. A política se explica seja quando a comparamos com outras políticas num eixo horizontal, seja quando olhamos a estruturação e o pensamento da sociedade de onde analisamos a política, num eixo vertical.

 

A Filosofia Alvissarista da Política, influenciada por Platão (427 a. C – 347 a. C), possui como fundamento básico o ideal de amor, justiça e caridade entre os indivíduos que estruturam a sociedade. Mas o tema central da Filosofia Alvissarista da Política, influenciado por Aristóteles (384 a. C – 322 a. C) quando nos diz que “O homem é um animal político”, é o bem comum entre os indivíduos que, juntos, arquitetam a vontade do povo que estrutura uma cidade, um Estado e uma nação. O povo aqui é entendido como a soma das partes que compõem a sociedade. O homem político é o indivíduo que faz parte da sociedade, atuando sobre ela através da opinião, do voto direto e da criação, sanção e vetos das leis que regem a sociedade. A teodemocracia proposta pelo Alvissarismo consiste na participação direta do povo que, reunindo-se nas câmaras legislativas municipais, estaduais e federais, junto a seus pares, discute e delibera acerca das leis e da estrutura da sociedade. A teodemocracia é a forma de governo arquitetada pelo Alvissarismo, onde a soberania legislativa deriva do povo e é exercida por ele, através da criação e/ou sanção das leis realizada por via de plebiscitos. Na teodemocracia proposta pelo Alvissarismo o Estado é laico, mas não é laicista, de modo que neste sistema político a voz do povo é a voz de Deus, ou seja, no sistema político teodemocrático o povo é o representante legislativo de Deus.

 

Na Filosofia Alvissarista da Política, as esferas públicas e privadas se misturam, formando um todo homogêneo, ou seja, na teodemocracia não há oposição entre o público e o privado, de modo que a esfera privada dos indivíduos, representada pela casa, pelo lar, pelos negócios domésticos, tem espaço de atuação na esfera pública, representada pela câmara dos vereadores, dos deputados e pelo senado federal, da mesma forma como a esfera pública da sociedade, representada pelo governo (municipal, estadual e federal), tem espaço de atuação na esfera privada dos indivíduos, representada pela casa, pelo lar e pelas questões domésticas. A república teodemocrática deve se fundamentar na liberdade cívica de cada indivíduo que compõem a sociedade dentro dos limites impostos pelo Governo.

 

Para o Alvissarismo, a finalidade da política é buscar e manter a felicidade do povo, para isso a política deve servir ao povo como um instrumento de poder que lhe assegura o equilíbrio entre a liberdade e a segurança. Mas o que é a felicidade? A felicidade, para nós, é justamente o ponto de equilíbrio entre a liberdade e a segurança dos indivíduos que compõem a sociedade. No entanto, como já demonstramos em outro lugar desta obra, a existência humana baseada na sociedade está estruturada no paradoxo da liberdade, que demonstra que a liberdade é inversamente proporcional à segurança, ou seja, quanto mais liberdade, menos segurança, quanto mais segurança, menos liberdade. Mas como resolver esse paradoxo? Para o Alvissarismo, a única forma de resolver o paradoxo da liberdade é a través do Centrismo.

 

O Centrismo, na política, levando em conta o contexto da existência de uma Esquerda e uma Direita (política), é a posição filosófica de quem se encontra no exato ponto de equilíbrio entre as extremidades políticas, não pesando mais nem para a Esquerda nem para a Direita, ou seja, a Filosofia Alvissarista da Política não é nem de Esquerda nem de Direita, ela é de Centro, e o fato de ela buscar o exato ponto de equilíbrio entre a Esquerda e a Direita, faz dela um método político-filosófico baseado no Caminho do Meio (influência do Budismo), isto quer dizer que o Alvissarismo não é nem de Centro-Esquerda nem de Centro-Direita, mas único e exclusivamente de Centro, o nosso caminho é sempre o caminho do meio, pois, a política é como um instrumento de corda, se esticar demais, ela arrebenta, e se afrouxar demais o instrumento não toca. O Centro opera como o ego do sistema político, desenvolvendo-se a partir da Direita com o objetivo de permitir que seus impulsos sejam eficientes à coletividade, ou seja, levando em conta não somente o indivíduo, mas também a sociedade. O Centro, assim como a Esquerda, também é guiado pelo princípio de realidade que limita o egoísmo dos indivíduos que compõem a sociedade. É esse limite imposto pelo princípio de realidade que introduz o ponto de equilíbrio, a razão, o planejamento e a espera no comportamento humano. Na sociedade estruturada pela ideologia de Centro, a satisfação das pulsões é retardada até o momento exato em que a realidade o permite satisfazê-la com o máximo de prazer e o mínimo de consequências negativas à sociedade, ou seja, os indivíduos do Centro não buscam nem o acumulo desenfreado de bens materiais como os indivíduos da Direita, nem buscam se satisfazer com os bens necessários à sobrevivência como os indivíduos da Esquerda; em verdade, o que os indivíduos do Centro buscam é viver de forma simples e confortável, sem a riqueza, o luxo e a ostentação da Direita, nem a pobreza, a miséria e a escassez da Esquerda. A principal função do Centro é buscar uma harmonização entre a Direita e a Esquerda. O Centro não é nem completamente de Direita nem completamente de Esquerda, o Centro é o ponto exato onde a diacronia consciente da Esquerda e a sincronia inconsciente da Direita se encontram, isto é, o Centro é o pré-consciente do sistema político.

 

O Centrismo não é, como pensa Rodrigo Constantino (1976), o refúgio dos covardes, pelo contrário, o Centrismo é o posicionamento ideológico adotado por pessoas lúcidas, prudentes, sensatas, moderadas e equilibradas, que não são nem dogmáticas como os da Direita nem fanáticas como os da Esquerda, pessoas que, assim como Buda, perceberam que o extremismo é um posicionamento ideológico maléfico à toda humanidade, e que a pessoa que está no Centro tem capacidade de enxergar com clareza tanto os da Direita quanto os da Esquerda, enquanto que ambos os extremos cegam-se uns aos outros. Entre a Direita e a Esquerda o Caminho do Meio é sempre o melhor caminho. A ideologia de Centro estrutura uma sociedade baseada no Platonismo e na tradição Judaico-Cristã-Espírita sintetizada pelo Alvissarismo.

 

Alguns pensam que há somente a ideologia política de Esquerda e a ideologia política de Direita; mas para o Alvissarismo, no contexto dessa posição, o melhor caminho é o do meio-termo entre as extremidades, isto é, o centro, o exato ponto de equilíbrio entre os opostos, onde não vigora nem a ditadura da Esquerda nem mesmo a democracia da Direita, mas sim a teodemocracia do Centro, onde o povo é o representante legislativo de Deus. Esse sistema político-ideológico é feito para os moderados, ou seja, para os espíritos que não são nem fanáticos nem dogmáticos. O Alvissarismo, por adotar a politica ideológica do centro, isto é, o Centrismo, é contrário tanto à economia política de Adam Smith (1723-1790) quanto à economia política de Karl Marx (1818-1883), ou seja, o Alvissarismo, por ser de centro, não é nem capitalista nem comunista; nós vemos a necessidade de defender a liberdade do capitalismo sem deixar de se preocupar com a segurança do comunismo. Na Filosofia Alvissarista da Política, o centro é o ponto exato entre o capitalismo e o comunismo, ou seja, a nossa busca é pelo exato equilíbrio entre a liberdade e a segurança. O ponto de equilíbrio almejado pelo Alvissarismo é aquele capaz de proporcionar ao povo a verdadeira felicidade, onde há tanto a liberdade do capitalismo quanto a segurança do comunismo, porém, ambas limitadas a 50% de sua possibilidade, afim de que não pese mais nem para um lado nem para o outro. Não deve haver extremismo entre os opostos, a sociedade, para ser feliz, deve buscar o equilíbrio entre o capitalismo e o comunismo, ou seja, a sociedade deve buscar o meio-termo ou Caminho do meio que nós denominamos de estruturalismo. O estruturalismo é o exato ponto de equilíbrio entre o capitalismo e o comunismo, é a ideologia sócio-político-econômica que representa o Centrismo. Quer dizer, o capitalismo representa a Direita, que é regida pela democracia, o comunismo representa a Esquerda, que é regida pela ditadura; faltava, portanto, até agora, um sistema sócio-político-econômico que representasse o Centro, com indivíduos mais conciliadores e menos intolerantes; este sistema é, pois, o estruturalismo, que é regido pela teodemocracia proposta pelo Alvissarismo.

 

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