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                                  Economia Alvissarista

 

A Filosofia Alvissarista da Economia é o ramo desta doutrina filosófica que estuda a origem, a essência e a natureza da economia e das relações econômicas em geral e suas consequências psicológicas, sociológicas, éticas e morais. O termo economia vem do grego e significa “costume ou lei”, ou também, “gerir”, “administrar”: daí sua ligação com “regras de casa” ou “administração doméstica”. Segundo Nicola Abbagnano (1901-1990) o sentido filosófico de economia remonta à “ordem ou regularidade de uma totalidade qualquer”, referindo-se à economia caseira, citadina, estadual ou mundial.

 

Orígenes de Alexandria (185 d. C – 253 d. C), teólogo e filósofo neoplatônico patrístico arquitetou a tese fundamental da Filosofia Alvissarista da Economia, indicando que a economia consistia na encarnação do Verbo, pois ela teria proporcionado ordem ao mundo. A ideia de que a economia consiste na encarnação do Verbo está ligada à tese Alvissarista de que há uma relação direta entre a economia e a linguagem, e esta relação está estruturada de tal forma que a origem primitiva da linguagem marca também a origem primitiva da economia, ou seja, para o Alvissarismo a economia é estruturada como uma linguagem. Este aforismo Alvissarista implica a existência de três teses fundamentais para a economia:

 

1°- A economia pode ser dividida em unidades.

 

2°- Existe uma dupla dimensão de leitura da economia, esta dupla dimensão refere-se à diacronia consciente e à sincronia inconsciente.

 

3°- A economia está referenciada tanto a outras economias quanto à sociedade como um todo.

 

Para o Alvissarismo o sistema econômico é uma estrutura. Uma estrutura define do que um sistema é constituído. É uma configuração de elementos. É uma coleção de componentes ou serviços inter-relacionados. A estrutura é tanto uma hierarquia, ou seja, uma cascata de relacionamentos (um-para-vários), onde está contida sua dimensão diacrônica e consciente, quanto uma rede contendo relacionamentos (vários-para-vários), onde está contida sua dimensão sincrônica e inconsciente. A economia não nos mostra seu significado através da sequência dos acontecimentos tal como são apresentados na história da humanidade. O significado da economia está vinculado a grupos de acontecimentos históricos que às vezes encontram-se até afastados na história da humanidade. Por isso temos que ler a economia em dois níveis. Tanto no sentido normal de qualquer leitura quanto como um todo, referenciando-se a outras economias próximas daquela analisada. É preciso perceber a economia como se percebe uma totalidade, pois só assim nós obtemos o significado da economia. Um determinado grupo de acontecimentos na economia pode está relacionado com outro grupo às vezes surgido dezenas, centenas ou milhares de anos no passado. Ou, ao contrário, um grupo de acontecimentos econômicos surgidos dezenas, centenas ou milhares de anos no futuro podem ser aproximados de um grupo de acontecimentos econômicos referentes à origem primitiva da economia. Isso implica que os acontecimentos econômicos sucedidos no passado geram consequências no presente da mesma forma como os acontecimentos econômicos do presente produzem consequências no futuro. Por isso a economia parece uma partitura musical.

 

A partitura musical, assim como a economia, permite a leitura comum, linha por linha, da esquerda para a direita, num movimento que possui princípio, meio e fim. Esta dimensão da economia é a que chamamos diacrônica, que se refere ao lado consciente do processo econômico. No entanto, a economia também possui um lado sincrônico e inconsciente. A dimensão sincrônica e inconsciente da economia nos dá o significado desta como um todo. A economia pode se iniciar de uma forma e, em seguida apresentar variações, crises, mudanças, inversões, retomadas, repetições e etc. Os movimentos na economia estão relacionados uns com os outros.

 

Vamos usar uma ilustração dessas dimensões diacrônica e sincrônica. Digamos que os acontecimentos econômicos surgidos na história da humanidade são estruturados da seguinte forma:

 

                                                          1  2      4          7  8

                                                              2  3  4      6      8

                                                          1          4  5      7  8

                                                          1  2          5      7

                                                                  3  4  5  6      8

 

Devemos olhar este quadro como se olha uma partitura musical. Os números da esquerda para a direita, linha após linha, indicam a dimensão diacrônica e consciente da economia. Já os números que se repetem nas colunas nos dão a dimensão sincrônica e inconsciente da economia. Na sincronia inconsciente, temos todas as relações econômicas das colunas no sentido de suas repetições.

 

Além da ideia de que a economia pode ser, como a linguagem, dividida em unidades, e a ideia de que a economia se estrutura em duas dimensões, uma diacrônica e consciente e outra sincrônica e inconsciente, sendo a economia referenciada a dois eixos. A economia se explica seja quando a comparamos com outras economias num eixo horizontal, seja quando olhamos a estruturação e o pensamento da sociedade de onde analisamos a economia, num eixo vertical. No caso da economia capitalista, temos que manter um olho na sociedade europeia da época e outro olho nas demais economias em torno do mundo.  

 

Ao analisarmos a história da economia através do método estruturalista dialético apresentado aqui, percebemos que os movimentos da economia são gerados por um par de oposições binário como Tese e Antítese que se estruturam como um paradoxo produzido através de problemas levantados pelos indivíduos e com os quais a sociedade se debate e para os quais a economia é um instrumento de expressão. Oposições binárias como “bom” e “mal”, “mais” e “menos”, “positivo” e “negativo”, “justo” e “injusto”, “privado” e “público”, “liberdade” e “segurança”, “rico” e “pobre”, “crédito” e “débito” geram conflitos existenciais na humanidade, fazendo com que a economia faça girar a roda da história.

 

Guilherme de Occam (1285-1347), frade franciscano, filósofo, lógico e teólogo escolástico, formulou o princípio adotado pela Filosofia Alvissarista da Economia, onde consideramos que a multiplicação das entidades é não somente desnecessária, mas também imprudente e contrária à ética cristã. Para o Alvissarismo, a menor quantidade de bens materiais é que proporciona ao homem o sentido real da sua existência. O homem deve buscar na natureza a máxima unidade e simplicidade possível, posto que, para o Alvissarismo, o homem bem sucedido na vida não é aquele que possui maior número de bens materiais, mas sim aquele que possui menor número de vícios morais. O Alvissarismo apregoa um estilo de vida austero em que se possa viver de forma simples e confortável, sem luxo e ostentação de bens materiais. É por isso que a Filosofia Alvissarista da Economia propõe a estruturação de um sistema econômico onde a função do Estado é primordial na limitação do egoísmo e do consumo de bens materiais, posto que, de acordo com a interpretação do Alvissarismo do princípio lógico conhecido como a “navalha de Occam”, os bens materiais não devem ser multiplicados além do necessário para se viver de forma simples e confortável, e o Estado é quem deve controlar o consumo de bens materiais da sociedade, estipulando um limite para a quantidade de bens adquirida por pessoa ou família.   

 

Para o Alvissarismo a produção econômica de riquezas não se dá somente pelo trabalho manual, como pensava David Ricardo (1772-1823), mas também pelo trabalho intelectual e sentimental, que colaboram diretamente na produção de riquezas, pois, segundo o Alvissarismo, a causa e a natureza da riqueza das nações não é o sentimento egoísta, onde o homem livre para promover para si o bem-estar próprio traz também vantagens à coletividade, tal como pensava Adam Smith (1723-1790), pelo contrário, o que produz a riqueza de uma nação são o amor, a justiça e a caridade promovida pela renúncia do egoísmo, onde o homem não pensa apenas em promover o próprio bem-estar, mas também o bem-estar do próximo. Ao promover o bem-estar da coletividade o homem naturalmente traz também vantagens a si próprio. Este é o princípio ético da Filosofia Alvissarista da Economia.

 

O Alvissarismo concorda plenamente com John S. Mill (1806-1883) quando diz em sua obra “Princípios da Economia Política” que a distribuição da riqueza “é obra exclusiva do homem, que pode pô-las à disposição de quem quiser e nas condições que mais lhe convenham”. Esta afirmação de Mill implica que a distribuição de renda é obra exclusiva da boa vontade do homem para com outros homens, isto é, um povo com uma distribuição de renda igualitária é um povo de Deus que se baseia na ética cristã do amor ao próximo como a si mesmo. É com base nesta máxima: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” que o Alvissarismo fundamenta a sua Filosofia da Economia em outra máxima: “A riqueza das nações resulta do amor, da justiça e da caridade de indivíduos que, movidos inclusive (e não exclusivamente) pelo altruísmo, promovem o crescimento econômico e uma distribuição de renda igualitária”.

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