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                               Pedagogia Alvissarista

 

 

O método de ensino do Alvissarismo consiste em três etapas:

 

1°- Etapa da investigação: busca conjunta entre educador e educando dos conceitos e temas mais significativos da existência humana, como por exemplo velhice, doença, miséria, morte e etc.

 

2°- Etapa da conscientização: momento da tomada de consciência sobre Deus, a alma e o mundo, através da análise dos significados dos conceitos investigados anteriormente em relação às questões existenciais da vida do educando.

 

3°- Etapa da iluminação: etapa em que o educador realiza o parto intelectual do educando através da técnica da maiêutica, levando o educando a uma postura humilde devido à conscientização da sua ignorância sobre Deus, a alma e o mundo, baseado nas limitações e incompletudes do seu conhecimento, fazendo com que, através do “conhece-te a ti mesmo” o educando chegue à conclusão de que tudo o que ele sabe é que ele nada sabe.

 

Os conceitos existenciais: o processo proposto pelo Alvissarismo inicia-se pelo levantamento dos conceitos centrais da existência. Através de conversas informais, o educador observa quais são os conceitos que os educandos têm maior dificuldade em apreender, e assim dá ênfase nesses conceitos e os explica repetidamente até que os educandos os saibam de cor. Depois de apreendido todos os conceitos centrais da existência, eles devem ser dialeticamente interligados à realidade existencial dos educandos. Feito isto, deve-se então dar inicio a uma discussão sobre os conceitos centrais da existência e sua ligação dialética com a realidade existencial dos educandos.

 

O estudo da existência: o passo seguinte é a formação de ideias novas, questionamentos existenciais e morais. Usando os conceitos agora conhecidos, o grupo forma ideias e questionamentos novos em relação à existência e procura responder a esses questionamentos ou resolver os problemas postos em questão.

 

A dialética estruturalista: um ponto fundamental do método da Pedagogia Alvissarista é a discussão dialética sobre os diversos temas surgidos a partir dos conceitos existenciais e dos questionamentos morais feitos pelos educandos. Para ensinar a atingir a angelitude o educador não pode se restringir aos processos de codificação e decodificação dos conceitos da existência. A Pedagogia Alvissarista possui quatro objetivos primordiais. Os objetivos da Pedagogia Alvissarista são: (1) promover o conhecimento de si mesmo através da conscientização da ignorância sobre Deus, a alma e o mundo, a fim de produzir um sujeito humilde e cônscio de suas limitações e incompletudes, (2) promover a conscientização acerca dos problemas existenciais e morais do cotidiano, fomentando a compreensão do mundo, o conhecimento da realidade social e criando formas de se transformar essa realidade, (3) promover a libertação do pensamento aprisionado pelo Outro, tornando o sujeito capaz de pensar por si próprio, e, por fim, (4) promover a libertação do espírito do ciclo carmico da Roda das Encarnações a fim de atingir a Angelitude e se tornar um Mensageiro direto de Deus.

 

O ensino pedagógico realizado pelo educador deve ter como método ou técnica a Maiêutica Socrática. Esta técnica de ensino deve ser adotada pelos educadores para ensinar tanto a alfabetização quanto a formação acadêmica. A maiêutica tem como significado “Dar a Luz” no sentido de um parto intelectual, da busca pela verdade no íntimo da alma humana. Seguindo a técnica de Sócrates (469 a. C - 399 a. C), o educador deve conduzir este parto em dois momentos:

 

1°- No primeiro momento o educador deve levar os seus educandos a duvidarem de seu próprio conhecimento a respeito de um determinado assunto.

 

2°- No segundo momento o educador deve levar seus educandos a conceberem, de si próprios, uma nova ideia, uma nova opinião sobre o assunto em questão.

 

Através de questões simples, inseridas dentro de um determinado contexto, a maiêutica dá à luz ideias complexas, baseada na noção de que o conhecimento está latente na alma de todo ser humano, podendo ser encontrado através do jogo dialético de perguntas e respostas, ou seja, o conhecimento pode ser encontrado pelas respostas às perguntas propostas de forma perspicaz. A meta final da maiêutica é a autorreflexão expressa na frase de Sócrates “conhece-te a ti mesmo”, ou seja, o objetivo da técnica da maiêutica é colocar o homem a procura das verdades universais e necessárias sobre Deus, a alma e o mundo, que são o caminho para a prática do bem e da virtude.

 

A essência da maiêutica é a ironia, que é, antes de tudo, um método de perguntar sobre uma determinada coisa em discussão, delimitar um conceito sobre esta coisa e, contradizendo-o, refutá-lo. A ironia do método maiêutico não é para constranger o educando, mas sim para purificar o seu pensamento, desconstruindo suas ilusões. A ironia da maiêutica não deve ter o intuito de ridicularizar o educando, mas sim fazer emergir desse processo dialético o sentido da existência. Assim, a ironia e a maiêutica, devem constituir, por excelência, as principais formas de atuação do educador para ensinar aos educandos tanto a alfabetização quanto a formação acadêmica, desfazendo pré-conceitos, equívocos e percorrendo um caminho onde permita que o interlocutor possa, através da reflexão e da introspecção, conhecer a si mesmo.

 

O método alvissarista possui cinco fases:

 

1°- Levantamento da condição existencial do grupo, seus medos, angústias, suas vidas, mortes de entes queridos, doenças, famílias e etc. Nesta fase ocorre a confiança transferencial entre o educador e o educando, promovendo aproximações e conhecimento mútuo, bem como a anotação das palavras mais significativas na existência dos educandos, respeitando seu linguajar característico, mas sempre corrigindo seus erros gramaticais de forma doce e respeitável.

 

2°- Escolha das palavras selecionadas pelo educando, seguindo os critérios de importância que estas palavras têm para sua existência, indo do mais simples para o mais complexo através da repetição do comportamento pragmático das palavras dentro da filosofia, da política, da economia e da religião.

 

3°- Criação de situações existenciais vivenciadas pelo grupo. Trata-se de situações existenciais que envolvem as principais questões da humanidade, como velhice, doença, miséria, morte, família, crime, medo, angústia, Deus, homem, mundo e etc. estas situações levantadas em sala de aula devem ser discutidas com a intenção de emancipar a alma do educando do ciclo cármico da Roda das Encarnações.

 

4°- Criação de um roteiro para os debates, com réplicas e tréplicas, as quais deverão servir como caminho a ser trilhado para que o diálogo promova a iluminação do grupo.

 

5°- Criação de um jogo que envolve a construção estrutural da palavra através da procura individual e coletiva das letras que deverão estar escondidas no local de ensino, e que deverão ser encontradas pelos educandos sob a orientação binária de "quente" quando o educando estiver perto da letra procurada e "frio" quando o educando estiver longe da letra procurada; cada letra encontrada por um educando deve passar de mão em mão entre todos os educandos até chegar ao quadro, e assim ir, aos poucos, formando a palavra em questão através de uma brincadeira, um jogo que traz consigo a carga psíquica do inconsciente individual e coletivo, promovendo um retorno criativo à origem da linguagem, onde o fogo/letra foi roubado, posteriormente recuperado e traspassado de mão em mão até chegar de volta à aldeia. Este jogo simples é capaz de promover o retorno do real dentro do simbólico e do imaginário, fazendo com que os educandos repitam a experiência primitiva que deu origem ao Logos, recordando o processo de aquisição da linguagem e elaborando a codificação das palavras, promovendo uma alfabetização subliminar nos educandos, facilitando o aprendizado e assegurando o sucesso do ensino através da repetição do ritual primitivo que possibilitou a encarnação do Verbo, da recordação do instante histórico em que o macaco se fez homem através da aquisição da razão e da elaboração das palavras.

 

A Pedagogia Alvissarista estrutura a sua teoria da educação em três princípios básicos.

 

1°- Todo conhecimento do mundo começa com a experiência simbólica; em outras palavras, a linguagem (Logos) é a origem de todo conhecimento.

 

2°- A educação é uma práxis estruturada por uma dialética de dois tempos, no primeiro tempo a educação vai do concreto para o abstrato e no segundo tempo ela inverte esse processo indo do abstrato para o concreto, do sensível para o inteligível e depois do inteligível para o sensível, do objetivo para o subjetivo e depois do subjetivo para o objetivo.

 

3°- A educação é produto de uma estrutura histórico-dialética que contrapõe a diacronia consciente da evolução à sincronia inconsciente da criação.

 

A Pedagogia Alvissarista parte da premissa fundamental de que a educação é uma práxis psicológica, filosófica, política, econômica e religiosa.

 

1°- Psicologia: tem a função preventiva de promover uma formação saldável do psiquismo, fomentando uma estruturação neurótica sadia e evitando uma possível estruturação perversa ou psicótica no sujeito.

 

2°- Filosofia: tem a função de promover um sentido existencial, ético e moral ao sujeito, através da tese teleológica de que o objetivo final da existência humana é trocar os vícios por virtudes e os débitos por créditos e se libertar do ciclo cármico da Roda das Encarnações e atingir a Angelitude.

 

3°- Política: tem a função de promover a conscientização política do sujeito, promovendo o conhecimento das ideologias políticas de Direita, de Esquerda e de Centro, dando ênfase ao Centrismo Político e a Teodemocracia idealizados pelo Alvissarismo.

 

4°- Economia: tem a função de promover a educação financeira do sujeito, através do princípio ético-econômico da troca do débito pelo crédito moral, evitando atividades humanas viciosas como a avareza, a inveja, o orgulho, a vaidade, o egoísmo, o esbanjamento e a ostentação, promovendo a troca do vício pela virtude, fomentando atitudes virtuosas como a generosidade, a simplicidade, o altruísmo, a modéstia, a humildade, a temperança, a prudência e a sensatez, dando ênfase à desconstrução da Sociedade Capitalista em prol da construção da Sociedade Estruturalista idealizada pelo Alvissarismo.

 

5°- Religião: tem a função de promover o conhecimento das principais doutrinas religiosas existentes no mundo, com ênfase na tradição Judaico-Cristã-Espírita adotada pela Religião Alvissarista.

 

Este é o princípio fundamental da prática docente do Alvissarismo. Deste princípio fundamental emergem os seis fundamentos básicos da Pedagogia Alvissarista.

 

1°- O ser humano é um ser espiritual.

 

2°- O recém-nascido é um espírito reencarnado.

 

3°- A existência humana se caracteriza por um eterno aprendizado rumo à angelitude.

 

4°- A finalidade da existência é se libertar do ciclo cármico da Roda das Encarnações e atingir a angelitude.

 

5°- A educação é um processo de catarse sapiencial.

 

6°- A função do educador é provocar a catarse sapiencial no educando, promovendo a conscientização de sua sabedoria e de sua ignorância.

 

O Alvissarismo rejeita fortemente o princípio fundamental da Pedagogia Conservadora de cunho capitalista, que faz da educação um instrumento do lucro, da ganância, do egoísmo e da avareza, que prepara o sujeito não para a vida, mas sim para o mercado de trabalho, para ser mais uma peça da engrenagem capitalista que desvia o verdadeiro foco da educação, bem como rejeita o princípio fundamental da Pedagogia Progressista de cunho comunista, que reduz a educação a um mero instrumento político-ideológico de esquerda, e transforma a população em fantoche de um partido político. Referimo-nos aqui especialmente à pedagogia freiriana, que vem causando no Brasil e no mundo governado pela esquerda uma verdadeira calamidade educacional, transformando a liberdade e a autonomia do "oprimido" em libertinagem e desrespeito ao Mestre, configurando-se em uma educação libertina, criminosa e imbecilizadora, onde a liberdade do educando não é limitada pela liberdade do próximo e a autoridade do professor é reduzida a quase nada, mesmo não sendo este o projeto original de Paulo Freire.

 

A Pedagogia Alvissarista parte do princípio de que a educação é um instrumento para formar sujeitos preparados para a vida e para a morte, para a perda e para o ganho, para o fracasso e para o sucesso, para a angústia e para a paz, para o tédio e para a funcionalidade, para a doença e para a saúde, para a juventude e para a velhice, para a miséria do mundo e para a beleza do mundo, enfim, para todas as condições da existência humana. O objetivo do educador alvissarista é fornecer ao sujeito uma identidade própria e prepara-lo para enfrentar a existência humana tal como ela se apresenta ao sujeito, fomentando a troca dos vícios por virtudes assim como a troca dos débitos por créditos com a finalidade de promover a libertação do sujeito do ciclo cármico da Roda das Encarnações.

 

A Pedagogia Alvissarista é uma práxis educacional baseada na dialética estrutural que vai da prática a teoria e depois da teoria a prática. O educador alvissarista deve ter em mente desde o princípio de que educar não é transferir saber ao sujeito, mas sim promover a catarse do saber no próprio sujeito através da repetição, da recordação e da elaboração de conceitos arquitetados pela maiêutica socrática. O Alvissarismo pressupõe que o saber é um atributo que se faz no sujeito através de um movimento dialético que vai de fora para dentro e depois de dentro para fora, ou seja, do educador para o educando e depois do educando para o educador, de modo que ensinar é ao mesmo tempo aprender e aprender é ao mesmo tempo ensinar; quem ensina aprende e quem aprende ensina. O trabalho do educador alvissarista é, portanto, promover uma espécie de catarse sapiencial no sujeito através da repetição de um conceito, da recordação desse conceito e de sua elaboração.

 

A Pedagogia Alvissarista parte da tese de que na prática docente, o educador deve agir como causa do desejo, ocupando a posição predominante. O educador desempenha a função de pura condição desejante, e interroga o educando na sua divisão (Saber x Verdade), precisamente naqueles pontos onde surge a oposição paradoxal entre o consciente e o inconsciente, o sensível e o inteligível, o material e o espiritual, o ser e o nada, o bem e o mal, o justo e o injusto, o rico e o pobre, a vida e a morte, a liberdade e a segurança, o macho e a fêmea, e etc.: lapsos de língua, atos-falhos e involuntários, estilística, fala ininteligível, sonhos, rituais, mitos, hierofanias, experiências místicas ou mediúnicas, ficções, etc. Dessa forma, o educador leva o educando a trabalhar, a associar, e o produto desta associação é um novo significante mestre. Através desse método, o educando, de certo modo, “expele” um significante mestre que ainda não se relacionou com qualquer outro significante, produzindo assim uma significação existencial ao sujeito.

 

Na análise do discurso do mestre, Lacan se refere ao significante mestre (S1) como o significante sem nexo ou razão. Quando surge concretamente na situação pedagógica, um significante mestre apresenta-se como um tipo de limite ou incompletude, um beco sem saída, um entrave, um nó que põe fim à associação, gerando uma interrupção no discurso do educando. A tarefa do educador é levar tais significantes a se relacionarem uns com os outros, produzindo assim um sentido existencial ao sujeito, ou seja, ao dialetizar os significantes mestres produzidos em sala de aula, o educador leva o educando a produção de um significado para sua vida.

 

A aprendizagem envolve confiança no discurso do educador, ou seja, um vínculo transferencial precisa ser estabelecido entre o educador e o educando, para que, ao expor a relação dialética entre cada significante mestre e um significante binário, produzindo a subjetivação existencial da vida do sujeito.

 

O S2 surge no processo de aprendizagem como o lugar da verdade, representando o saber, mas não se trata do saber professoral, mas sim do saber inconsciente, inteligível, espiritual, ou seja, o saber insabido ou saber que não se sabe; aquele saber que está preso à cadeia significante e que precisa ser subjetivado pelo educando. Onde este saber estava o educando deve vir a ser.

 

De qualquer modo, enquanto o educador adota este discurso (que é idêntico ao discurso do analista apresentado na teoria dos quatro discursos de Lacan), o educando é inevitavelmente levado ao discurso da histérica. Por que isso acontece? Ora, porque o educador coloca o educando como dividido, paradoxal, contraditório. Portanto, o educador, apontando para o fato de que o saber do educando possui limites bem definidos, instala-o como sujeito dividido entre o Saber e a Verdade. Desse modo, fica claro que a força motriz por trás do aprendizado é o educador, que, agindo como causa do desejo, como pura capacidade de desejar, conscientiza o educando de sua própria ignorância sobre as coisas do mundo.

 

Em geral, a o educador da Pedagogia Conservadora de cunho capitalista se estabelece, dentro da teoria dos quatro discursos de Lacan, com o discurso do mestre. O discurso do mestre incorpora a função alienadora do significante fálico como o símbolo do saber professoral. No discurso do mestre, o educador conservador preenche a posição de significante não-senso, o significante sem nexo ou razão, isto é, os significante mestre. O educador/mestre deve ser obedecido pelo educando, não porque o educando se beneficia com isso, mas simplesmente porque ele o diz, porque detém o saber. Não há qualquer razão para que o educador tenha saber, ele simplesmente o tem. Esta é a base do discurso pedagógico conservador. O educador (S1) dirige-se ao educando (S2), que é representado pelo aluno, que, ao estudar/trabalhar duro para o educador, ganha algo, ele vem a encarnar o saber. O educador conservador não se preocupa com o saber, desde que tudo funcione e seu saber seja mantido e aumentado, para ele tudo estará bem. O educador conservador não tem interesse algum em saber quais são as demandas do educando ou da sociedade a qual ele está inserido. Considerando o educador conservador como o mestre e o educando como o escravo, o objeto (a) ou objeto ausente surge como o excedente produzido dessa relação: o saber.

Esse excedente, derivado do estudo do educando, é apropriado pelo educador e poderíamos dizer que ele direta ou indiretamente, proporciona em sua alma algum tipo de prazer: mais-saber. O educador conservador em geral pretende não mostrar nenhuma fraqueza e, por isso, oculta com cuidado sua ignorância, e o fato de que ele, como qualquer um, é um sujeito que sucumbe à castração promovida pela Lei do Indizível. A divisão entre o “dentro da Lei” e o “fora da Lei” é velada no discurso pedagógico conservador, e este encarna a posição do mestre e aparece na posição da verdade, uma verdade obviamente dissimulada, arrogante, fanática e ilusória. A grande revolução causada pelo Alvissarismo dentro da teoria da educação está justamente no rompimento radical com o discurso pedagógico conservador de cunho capitalista. O que nós apresentamos aqui é uma nova forma de se educar, jamais vista anteriormente. O educador alvissarista não deve adotar o discurso do mestre, como em geral é feito pelos pedagogos, mas sim o discurso da causa, aqui, o educador deve agir como causa do desejo do educando, ocupando a posição de agente predominante ou dominante. O educador alvissarista deve desempenhar a função de pura condição desejante, e interrogar o educando na sua divisão, precisamente naqueles pontos onde a clivagem entre o Saber e a Verdade se manifesta: mito, lenda, ritual, ficção, hierofania, arte, filosofia, religião, etc. Dessa forma, o educador leva o educando a trabalhar, a associar, e o produto dessa associação é um novo saber, um novo pensamento, uma nova Filosofia. 

 

Referimo-nos ao educador alvissarista, o mestre, como o significante sem nexo ou razão. Quando aparece concretamente na situação pedagógica, o mestre apresenta-se ao educando como um limite, uma Lei, um ponto de basta. A tarefa da pedagogia é a de arquitetar uma dialética entre o indivíduo e a sociedade. Isso, claro, envolve plena confiança no discurso do educador, o mestre, que permita visualizá-lo como o recurso à estrutura fundamental da significação existencial dos indivíduos que compõem a sociedade. Um vínculo, um contrato precisa ser estabelecido entre o educador e o educando, de tal forma que produza uma ligação transferencial entre eles. A voz do educando aparece na pedagogia como o lugar da verdade. A voz do educando representa aqui o saber inconsciente da coletividade. Onde o saber do educando estava o educador deve vir a ser. O educador alvissarista, apontando para o fato de que o educando não é o mestre de seu próprio discurso, instala-o como dividido entre a sua voz consciente e outra voz inconsciente, manifestada através do mesmo porta-voz, como agente de um discurso onde o educador, o mestre, é questionado e forçado a revelar seus vínculos com o educando. A força motriz da Pedagogia Alvissarista é a liberdade pedagógica do educando amparada à autoridade do educador, a fim de que esta liberdade não transgrida a liberdade do Outro. A proposição “Age de tal modo que a sua liberdade não transgrida a liberdade do Outro, salvo se este ato for realizado com a finalidade de salvar a própria vida e/ou a vida do Outro” é a fórmula da Lei que deve reger todo o processo pedagógico, e ela é válida tanto para o educador quanto para o educando. A prática pedagógica é inseparável da Ética e do Direito.

 

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