top of page

                               Perguntas e Respostas

 

Qual é o tipo de governo eclesiástico adotado pelo Alvissarismo?

O Alvissarismo adota o governo eclesiástico representativo. O sistema político-administrativo do Alvissarismo é formado por ministros que administram os departamentos do Jardim Sagrado; os ministros principais do Jardim Sagrado são os Advogados de Cristo, Alvissareiros e Diáconos. O Governo do corpo místico do Alvissarismo é centralizado na figura de um Nome-do-Pai, que é o líder, o governador  e dirigente máximo da Doutrina Alvissarista em todo o mundo, responsável pelas decisões e o destino do corpo místico do Alvissarismo, eleito democraticamente pelo conjunto de alvissaristas para um mandato de sete anos sem reeleição, e que possui o poder de escolher, como lhe aprouver, os ministros dos departamentos do Jardim Sagrado. O corpo místico do Alvissarismo é regido pelo Direito Canônico do Alvissarismo, que deve ser pautado no Livro (Alvíssara), que se constitui como a mais importante matriz da jurisprudência alvissarista, sendo a autoridade máxima que determina a estrutura legislativa de todos os Jardins Sagrados do mundo, sendo inicialmente revelado por Deus e posteriormente construído historicamente por leis que determinam sua estrutura e funcionamento. As leis que compõem o Direito Canônico do Alvissarismo são criadas tanto pelo Nome-do-Pai e pelos ministros quanto pelo conjunto de todos os alvissaristas que estruturam o corpo místico do Alvissarismo. A sanção das leis que compõem o Direito Canônico do Alvissarismo é estabelecida através de plebiscitos que promulgam a Lei. Todas as leis criadas pelo Nome-do-Pai e pelos ministros só podem ser sancionadas depois que forem aprovadas pelo conjunto de todos os alvissaristas através de plebiscitos que promulgam a Lei. E todas as leis criadas pelo conjunto de todos os alvissaristas só podem ser sancionadas depois que forem aprovadas por 3/4 dos ministros e pelo Nome-do-pai. Nenhuma das leis criadas pelo Nome-do-Pai, pelos ministros ou pelo conjunto de alvissaristas pode transgredir os princípios doutrinários do Livro (Alvíssara), sendo seu fundamento legislativo irrevogável, constituindo-se como o corpo da lei civil e religiosa alvissarista, e toda proposta de lei canônica que se opõe ou vai de encontro à reunião das leis que regem o corpo místico do Alvissarismo é uma proposta inconstitucional, isto é, contrária aos princípios doutrinários do Livro (Alvíssara).  

 

Qual o posicionamento do Alvissarismo frente à prática do dízimo?

Etimologicamente a palavra dízimo significa a décima parte de algo, que, sob a ótica do Alvissarismo, deve ser o trabalho voluntário do fiel e jamais o seu dinheiro, como é de costume na maioria das religiões. O motivo pelo qual o Alvissarismo proibiu os seus fiéis de dar ou receber dízimos em dinheiro é exterminar de uma vez por todas o envolvimento sórdido da religião com o dinheiro dos fiéis. Esse é um ato que deve ser levado a cabo até as últimas consequências, já que é por ele que a reforma Alvissarista conseguirá romper com a ganância e a avareza promulgada pelas religiões e pelos religiosos, que se utilizam da boa fé das pessoas para roubá-las em nome de Deus. As Igrejas se tornaram um covil de ladrões, ou seja, para alguns seguimentos religiosos é Deus no céu e o dinheiro na terra. Quer dizer, as pessoas vão a algumas Igrejas hoje em dia não em busca de Deus, mas sim em busca de dinheiro. E é devido a corrupção do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, que o Alvissarismo diz com todas as letras a todas as pessoas de bom senso, que não querem mais ser roubadas por homens que se dizem homens de Deus, mas que na verdade são homens do Diabo: NÃO PAGAI MAIS O DÍZIMO EM DINHEIRO, MAS PAGAI O DÍZIMO EM TRABALHO VOLUNTÁRIO!

 

O Alvissarismo possui uma vestimenta própria para a realização dos cultos, dos rituais e dos trabalhos espirituais?

Sim. A túnica é a vestimenta alvissarista utilizada nos cultos, nos rituais e trabalhos espirituais. A túnica deve ser uma espécie de "vestido" largo, de linho puro, relativamente leve e confortável, e de manga cumprida que cobre o corpo inteiro, com um laço na altura do pescoço, para ser vestida sobre a roupa própria da pessoa. 

 

* Todo membro do Alvissarismo deve ter sua própria túnica e esta deve ser nova e completa.

 

* A túnica deve ser cuidada com todo capricho, estando sempre limpa e bem passada, a túnica deve sempre estar muito bem composta no Jardim Sagrado.

 

* A túnica de todos os fiéis deve ser da cor verde-esmeralda, possuir um capuz e conter o símbolo do Alvissarismo bordado de branco do lado esquerdo do peito.

 

* A túnica do sacerdote deve ser da cor branca, possuir um capuz e também deve conter o símbolo do Alvissarismo bordado de verde do lado esquerdo do peito.

 

O cuidado que o fiel tem com sua túnica ao se apresentar para Deus dentro do Jardim Sagrado mostra a dedicação que ele tem com a sua doutrina e a importância que ela tem em sua existência.

 

O que é o Jardim Sagrado do Alvissarismo?

O Jardim Sagrado do Alvissarismo deve ser uma instituição de caráter educacional, cultural, filosófico e religioso Judaico-Cristão-Espírita separado do Estado. Cabe ao Jardim Sagrado do Alvissarismo administrar o dízimo realizado em forma de trabalho voluntário e não de dinheiro, construir Jardins Sagrados, ordenar Advogados de Cristo e repassar para seus seminaristas e fiéis sua interpretação da Bíblia, da Codificação Espírita e de Alvíssara. O Jardim Sagrado do Alvissarismo é o templo Sagrado dos Alvissaristas, que são os seguidores do Alvissarismo. A etimologia da palavra “Jardim” refere-se a “algo fechado”, uma vez que teria origem no radical “garth”, proveniente das línguas nórdicas e saxãs, que significa cintura ou cerca. O Jardim Sagrado do Alvissarismo deve ser um espaço planejado, normalmente ao ar-livre, para exibição, cultivação e apreciação de plantas, flores e outras formas de natureza, onde deverão ser ministrados os cursos de formação do Advogado de Cristo e os cultos coletivos do Alvissarismo, ou seja, o Jardim Sagrado do Alvissarismo é um local de reunião de pessoas que estão necessariamente associadas à Doutrina Alvissarista. Deve haver três tipos de Jardins Alvissaristas: 1°- O Jardim Alvissarista infantil. 2°- O Jardim Alvissarista juvenil. 3°- O jardim Alvissarista adulto. Este último incluem os alunos que estão já na última etapa da sua formação para Advogado de Cristo e que frequentam o curso superior de Filosofia, Psicanálise e Teologia realizado dentro do Jardim Sagrado do Alvissarismo. A vida dentro de um Jardim Alvissarista divide-se entre alguns tempos de oração, sobretudo de manhã, à tarde e à noite, o culto individual diário e o culto coletivo semanal, as aulas, os serviços comuns, os tempos de convívio, de estudo e de preparação de atividades alvissareiras. Na formação apresentada pelo Jardim Alvissarista deve existir quatro dimensões básicas: a dimensão espiritual (oração, inclusive o culto), a dimensão intelectual (aprendizado, estudo, aulas), a dimensão comunitária (convivências, relações humanas-afetivas, caridade), e a dimensão alvissareira (desenvolvimento de trabalhos propostos pelo Jardim Alvissarista em meio ao povo e a comunidade de atuação), tudo isso em vista da preparação para um futuro Advogado de Cristo.

 

De qual princípio parte a Pedagogia Alvissarista?

A Pedagogia Alvissarista parte do princípio de que a educação é um instrumento para formar sujeitos preparados para a vida e para a morte, para a perda e para o ganho, para o fracasso e para o sucesso, para a angústia e para a paz, para o tédio e para a funcionalidade, para a doença e para a saúde, para a juventude e para a velhice, para a miséria do mundo e para a beleza do mundo, enfim, para todas as condições da existência humana. O objetivo do educador alvissarista é fornecer ao sujeito uma identidade própria e prepara-lo para enfrentar a existência humana tal como ela se apresenta ao sujeito, fomentando a troca dos vícios por virtudes assim como a troca dos débitos por créditos com a finalidade de promover a libertação do sujeito do ciclo cármico da Roda das Encarnações.

 

Qual é o estilo de vida apregoado pelo Alvissarismo?

O Alvissarismo considera que a multiplicação das entidades materiais é não somente desnecessária, mas também imprudente e contrária à ética cristã. Para o Alvissarismo, a menor quantidade de bens materiais é que proporciona ao homem o sentido real da sua existência. O homem deve buscar na natureza a máxima unidade e simplicidade possível, posto que, para o Alvissarismo, o homem bem sucedido na vida não é aquele que possui maior número de bens materiais, mas sim aquele que possui menor número de vícios morais. O Alvissarismo apregoa um estilo de vida austero em que se possa viver de forma simples e confortável, sem luxo e ostentação de bens materiais.

 

Qual o princípio regulador da prática moral do Alvissarismo?

O princípio regulador da prática moral do Alvissarismo é o método do meio-termo, que pode se estruturar em todos os formatos da existência humana: A prática moral e existencial de não extremismo: um caminho de moderação, equilíbrio e harmonia entre os opostos. O meio-termo entre as visões filosóficas, políticas, econômicas e religiosas; ou seja, entre a Esquerda e a Direita, o Alvissarismo representa o Caminho do Meio. Uma explicação da Angelitude (perfeito estado de iluminação, sabedoria, calma, paz, felicidade, pureza de pensamentos, liberdade, serenidade, desapego e altruísmo, revelado pelo abatimento de todas as dívidas morais para com Deus, a Natureza e o Próximo, se libertando do ciclo cármico da Roda das Encarnações para servir diretamente a Deus como seu mensageiro); um estado onde fica óbvio que todas as dualidades aparentes no mundo são ilusórias. A prática da instrução canônica, da fé em Jesus Cristo e da obra de amor, justiça e caridade.

 

Qual o posicionamento do Alvissarismo sobre os milagres?

O Alvissarismo acredita na existência de milagres, mas não pretende que sua existência seja provada pelo método científico. Para o Alvissarismo estes fenômenos sobrenaturais e miraculosos devem ser deixados para a ordem da fé, pois não são prováveis nem pela razão pura nem pela razão empírica. Além do mais, a ideia de milagre é absolutamente dispensável para uma religião moral como o Alvissarismo, que, em verdade, tem fé em milagres, mas somente isso, pois reconhece seus limites e incompletudes e não tem a pretensão arrogante de querer provar a existência de milagres para tornar alguém Santo, nem mesmo tenta fundar teses embasadas na razão para considerar a possibilidade de sua existência. O Alvissarismo apenas tem fé de que eles existam, mas somente isso. Um milagre ou um acontecimento miraculoso deve ser visto como um mito a ser decifrado, um discurso que deve ser primordialmente interpretado. O milagre assim como o mito, diz sempre de um acontecimento real cuja impossibilidade é posta na ordem simbólica, que toma o imaginário como local de retorno do real. Por isso, se por um lado a ideia de milagre é dispensável para uma religião moral como o Alvissarismo, por outro lado a ideia de milagre a fundamenta; Portanto, o Alvissarismo não nega a possibilidade de um milagre, apenas diz não ser possível provar sua existência ou sua não existência. 

 

Como é possível um Profeta prever o futuro?

O tempo não é um processo absolutamente linear e diacrônico. Há um processo linear no qual experimentamos no presente a consequência de nossas ações no passado, o que é representado pelo símbolo (+ -), mas também há um processo não linear e sincrônico, no qual o futuro é influenciado pelas ações do presente, o que é representado pelo símbolo (- +). Em outras palavras, a história se estrutura no seguinte processo dialético: Ser, Devir e Nada, ou seja, Tese, Síntese e Antítese, e não como quis Hegel, que, por pensar a história como algo absolutamente linear e diacrônico, caiu no erro de representar a história no seguinte processo dialético: Ser, Nada e Devir, ou seja, Tese, Antítese e Síntese. Hegel só cometeu este erro por não considerar a não linearidade e a sincronia do processo histórico. Este processo é o que liga numa estrutura única, o passado, o presente e o futuro, onde o passado e o futuro são opostos binários interligados pelo presente. Esta estrutura binária do tempo e sua mediação realizada pelo presente é justamente o que torna possível a um profeta prever o futuro, previsão que pode acontecer em sonhos, visões, hierofanias, avisos de espíritos iluminados, toques em determinado objeto (psicometria) ou até mesmo por pura intuição sensível. É graças a essa estrutura binária entre o passado e o futuro ligados pelo presente que Jesus, por exemplo, pôde ver em uma visão que Pedro o negaria três vezes antes de o galo cantar; da mesma forma, é graças a essa estrutura binária do tempo que Chico Xavier em seu famoso encontro com Pietro Ubaldi, pôde, em uma tela mental, vê-lo em frente ao túmulo de São Francisco de Assis, que havia visitado antes de vir ao Brasil. É também graças a essa estrutura binária do tempo que Pedro Siqueira pôde ver em uma tela mental, como declarou em entrevista à Marilha Gabriela, que o marido de uma determinada mulher iria morrer no outro dia, tal como de fato sucedeu. Da mesma forma, é também graças a essa estrutura binária do tempo que Pietro Ubaldi, no ápice de sua mediunidade, previu com clareza cristalina o ano de sua própria morte, tal como está descrito em seu livro intitulado “Profecias”. Enfim, é graças a essa nova concepção do tempo em sua estrutura binária entre a diacronia do passado e a sincronia do futuro que se torna possível explicar como um profeta consegue realizar sua profecia e acertar na mosca o que havia profetizado.

 

Qual é a verdadeira religião de Deus? Todas as religiões são verdadeiras ou existem religiões falsas? O Alvissarismo é uma religião verdadeira?

Na história das religiões, cada uma delas se apresenta como estritamente verdadeira, salvando assim a sua aparência, no entanto, partindo da análise histórica das religiões é possível perceber que, em um sentido puramente técnico, cada uma delas apresenta em um determinado momento histórico-cultural uma quase-verdade ou uma verdade parcial (no sentido ao qual Newton da Costa dá ao termo, porém interpretado não a partir da ciência, mas sim da religião). A meta de todas as religiões é revelar a verdade ou a quase-verdade através de um retrato da Verdade, uma unidade histórica do real. A religião pretende conhecer o real como ele é em si mesmo, constituindo-se como uma teoria da correspondência da verdade absoluta, onde um único pensamento religioso corresponde à Verdade. Mas a história das religiões demonstra que não é assim que a Verdade se revela ao homem, cada religião revela apenas uma parte da Verdade, sendo, portanto, uma quase-verdade. As grandes religiões se mostram como as detentoras da Verdade Absoluta, mas quando se analisa a história o que se vê é que todas as religiões possuem uma verdade parcial sobre Deus, o homem e o mundo. Todas as grandes religiões são, em verdade, quase verdadeiras. Por exemplo, é comum no meio religioso pensar que o cristianismo desbancou o judaísmo, ou o protestantismo desbancou o catolicismo, ou o islamismo desbancou o judaísmo ou o cristianismo, ou o budismo desbancou o hinduísmo, ou o espiritismo desbancou o catolicismo, e assim por diante. Isso, no entanto, é absolutamente falso. Deus, durante a história, revelou-se ao mundo através de uma sucessão de Livros Sagrados de todas as grandes religiões por meio de seus mensageiros diretos e indiretos, cujo propósito sempre foi o de religar o homem a Deus. Cada religião é quase verdadeira dentro de determinados limites históricos e culturais. Todas as grandes religiões são verdades parciais da Verdade Absoluta. Para a mesma religião quase verdadeira há infinitas outras religiões verdadeiras, e a história das religiões prova isso. E essas religiões quase verdadeiras são de modo geral incompatíveis entre si, logo, a teoria da quase-verdade de Da Costa aplicada à religião, demonstra que esta é regida por uma lógica paraconsistente que se estrutura na proposição "O homem está morto, mas está vivo", que fundamenta a mensagem central de todas as religiões: a vida após a morte, sem mesmo que isso constitua a veracidade de todas as religiões possíveis, isto é, sem que o princípio de explosão faça com que todas as religiões sejam verdadeiras, ou seja, onde é possível que determinadas religiões sejam falsas. Mas como reconhecer uma religião verdadeira em meio a outras religiões falsas? Com base na lógica paraconsistente exposta na proposição "O homem está morto, mas está vivo", uma religião será verdadeira se e só se ela tiver como mensagem central a vida após a morte, seja ela exposta através da ressurreição, da imortalidade, do renascimento ou da reencarnação, isto é, uma religião será falsa se e só se ela for aniquilacionista. Um exemplo clássico de falsa religião dentro da história foi a seita judaica dos saduceus, que não apregoava nenhuma das quatro possíveis formas de crença na vida após a morte descritas anteriormente. Como não é possível saber se uma determinada proposição sobre a vida após a morte é falsa ou verdadeira, o mais sensato a se fazer é suspender o juízo e adotar a possibilidade mais provável não como um juízo assertórico e apodítico, mas sim como hipotético e problemático, e ter certeza do juízo adotado somente depois de experimentá-lo por si mesmo. O Alvissarismo estrutura sua mensagem central da vida após a morte através da crença na ressurreição da alma ou corpo espiritual (e não do corpo físico), da imortalidade da alma como uma identidade permanente, do renascimento como uma herança de agregados impermanentes; referindo-se ao processo contínuo da mudança, da transformação erguido por uma luta de opostos binários como a Vida e a Morte estruturados como uma linguagem pela Roda das Encarnações, porque acredita que dentre todas as possibilidades de uma vida após a morte estas sejam as mais prováveis. Deste modo, se faz necessário esclarecer que o Alvissarismo não veio para desbancar o Kardecismo, mas sim reformá-lo e apresentar ao mundo mais uma quase-verdade, na esperança e na fé da revelação da Verdade Absoluta do Evangelho Eterno que só será anunciado pelo anjo no fim dos tempos. A Verdade Absoluta é uma mensagem eterna e universal. Paulo descreveu o evangelho como “a revelação do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos, e que, agora, se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para a obediência por fé, entre todas as nações” (Romanos 16:25-26). Aos efésios ele escreveu sobre seu privilégio de “pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo e manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos, oculto em Deus, que criou todas as coisas … segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Efésios 3:8-11). 

 

Como pode o Alvissarismo afirmar a possibilidade da existência de vida inteligente em planetas e estrelas do sistema solar, se a ciência, pela experiência de astronautas e a visualização dessas estrelas e planetas através de telescópios modernos, demonstra o contrário?

A verdade não é uma questão de correspondência entre as nossas crenças e a realidade, tal como prega o realismo, pois se assim fosse, os paradoxos presentes na existência do homem e do mundo, que contradizem a correspondência entre as nossas crenças e a realidade, seriam sempre falsos, uma tese que a lógica paraconsistente destrona com facilidade, posto que proposições contraditórias como "O homem olha, mas não vê", ou "O homem ama, mas odeia", ou "O homem está morto, mas está vivo" não são sempre falsas, podendo ser verdadeiras em determinadas condições, como por exemplo numa paixão arrebatadora, num complexo familiar ou na morte de alguém, que mesmo estando morto, permanece vivo através de seu legado, assim como no caso do experimento imaginário do gato de Schrödinger, no exemplo de um gato que está no mesmo sentido e ao mesmo tempo vivo e morto, bem como no caso do suicídio quântico, que afirma que a interpretação de muitos mundos de Everret implica que o conjunto de todos os seres conscientes possui o atributo da imortalidade, e o princípio da simultaneidade dimensional, que estipula que dois ou mais objetos físicos, realidades, percepções e objetos não-físicos podem coexistir no mesmo tempo-espaço, consistindo na existência de universos paralelos estruturados como uma gestalt (forma, em alemão), que é o processo mental no qual o ser humano dá forma aos objetos físicos da realidade sensível, configurando o que lhe é exposto diante dos olhos como "uma identidade concreta, individual e característica, que existe como algo destacado e que tem uma forma ou configuração como um de seus atributos" (Revista Scientifc American "Primordios da Psicologia da Forma - por Helmut E. Lück), não sendo possível ao homem comum obter o conhecimento do todo através de suas partes, posto que o todo é maior do que a soma das partes. Do ponto de vista da psicologia (psicanálise), os mundos consciente e inconsciente não são simplesmente (A+B), mas sim um terceiro mundo (C), que é préconsciente e possui suas características e leis próprias. Do ponto de vista da lógica, os mundos real e simbólico não são simplesmente (A+B), mas sim um terceiro mundo (C), que é imaginário e possui suas características e leis próprias. Independentemente dos elementos que compõem os objetos da realidade, na percepção humana é sempre a forma que sobressai; por exemplo: as letras F-O-G-O não constituem apenas uma simples palavra na mente humana, ela evoca imediatamente a imagem do fogo, seu calor e simbolismo, que são propriedades não diretamente relacionada às letras F-O-G-O. Do mesmo modo, do ponto de vista da metafísica, da teologia e da religião, os mundos sensível (material) e inteligível (espiritual) não são simplesmente (A+B), mas sim um terceiro mundo (C), que é semimaterial e possui suas características e leis próprias, como por exemplo a imortalidade da alma (perispírito segundo Kardec ou corpo espiritual segundo Paulo de Tarso), que é o envoltório semimaterial que envolve o espírito e o liga ao corpo físico. A mediunidade, os dons do Espírito Santo, as hierofanias, os mitos, os ritos, a ficção e os sonhos tem como principal característica a capacidade de tornar explícito no mundo sensível o que está implícito no mundo inteligível, projetando na cena exterior o que ocorre na cena interior, permitindo assim que o homem e a humanidade tenha maior consciência sobre a pluralidade dos mundos habitados, no exato ponto de fronteira de contato com seu mundo através de uma ponte subjetiva que liga os dois universos, seguindo o processo histórico em curso, observando e analisando atentamente os fenômenos sobrenaturais através das profundezas obscuras da metafísica, da teologia e da religião. Aqui, a verdade é a própria contradição entre as nossas crenças e a realidade, e não a correspondência entre as nossas crenças e a realidade, produzindo histórias consistentes que podem ser descritas pelas probabilidades de cada história acontecer ou não, obedecendo as leis da probabilidade clássica, preservando a consistência com a equação de Schrödinger, o que nos permite vencer com elegância a resistência do princípio de explosão, onde se pressupõe que "a partir de uma contradição, qualquer coisa segue", ou seja, "qualquer coisa pode surgir de uma contradição", princípio este que a equação de Schrödinger prova ser falso, isto é, sendo afirmada a contradição do gato que está vivo e morto no mesmo sentido e ao mesmo tempo, não se pode inferir qualquer coisa, mas apenas duas coisas podem ser inferidas aqui, ou seja, apenas uma das duas possibilidades (50% Vivo ou 50% Morto) pode ser inferida do experimento imaginário, mas não qualquer coisa como pressupõe o princípio de explosão. O princípio de explosão é vencido aqui a partir da probabilidade clássica, mostrando que, a partir da contradição do gato que está vivo e morto no mesmo sentido e ao mesmo tempo, não se pode seguir qualquer coisa, mas apenas duas coisas podem ser seguidas, a possibilidade de o gato estar vivo ou a possibilidade de o gato estar morto, não podendo haver outras possibilidades como afirma, erroneamente, o princípio de explosão, posto que de uma contradição não se pode provar qualquer coisa, mas apenas coisas possíveis. Isto será melhor compreendido quando inserirmos em nossa investigação lógico-filosófica o conceito de mundos possíveis. O Alvissarismo propõe que a paraconsistência da mecânica quântica provoca uma revolução jamais pensada na linguagem dos mundos possíveis. De modo que se faz necessário reformular o conceito de mundos possíveis. Para esta reformulação lançamos mão do estatuto metafísico do conceito de mundos possíveis criado originalmente por Leibniz. Deste modo, a noção de mundos possíveis pode ser entendida como uma alegoria lógica que descreve a condição metafísica do conjunto de todos os seres e entes do universo. Um mundo possível é, portanto, um mundo logicamente possível em todos os mundos possíveis. Entendemos aqui a possibilidade lógica em todos os mundos possíveis como tudo aquilo que é lógicamente possível em todos os mundos mesmo derivando de uma contradição lógica, por exemplo, a proposição Pı¬P “o gato está vivo e morto” é uma contradição lógica, mas é possível em um determinado mundo, como vimos anteriormente. Logo um mundo onde o gato está vivo e morto ao mesmo tempo é um mundo possível. Deste modo, faz-se necessário esclarecer que um mundo possível não é um planeta do universo, mas sim o conjunto de todas as coisas, isto é, o próprio universo, englobando o espaço-tempo, pois o espaço e o tempo existem em todos os mundos possíveis, sendo o espaço-tempo a condição sine qua non para a existência de qualquer mundo possível. Não podemos entender aqui o mundo atual somente como aquilo que está em ato (no sentido aristotélico do termo), mas também como aquilo que está em potência no próprio ato, isto é, a possibilidade, pois tudo o que é logicamente possível só o é em relação a outro mundo, pois do contrário tudo o que é logicamente possível se encerraria nas coisas e nos eventos deste mundo. A paraconsistência própria da linguagem dos mundos possíveis faz com que a imortalidade da alma e a pluralidade dos mundos habitados sejam condições lógica e ontologicamente possíveis. Assim a linguagem dos mundos possíveis possibilita a pretensão lógica e ontológica da metafísica, da teologia e da religião de englobar tudo o que é possível ser ou não ser. Isto quer dizer que a linguagem dos mundos possíveis, regida pela paraconsistência lógica da mecânica quântica, demonstra ser possível, que, neste exato momento, enquanto você se esforça para compreender este singelo texto, em um outro mundo, no mesmo espaço-tempo, um trem pode estar passando sobre você; ou um astronauta, em Vênus, pode estar sobre a avenida de uma outra civilização, num outro mundo, no mesmo espaço-tempo; ou um avião, onde você, sentado, neste exato momento, pode estar sobrevoando uma outra cidade, num outro mundo; ou neste exato momento, enquanto você se embriaga do surrealismo destas palavras, um outro ser (um espírito ou um anjo), em um outro mundo, pode estar com as mãos sobre seus ombros lendo o texto com você e lhe ajudando na compreensão deste; ou então um homem sobre o vulcão Lawoe, na Ilha de Java, na indonésia, pode estar no mesmo espaço-tempo, sobre uma porta dimensional para outro mundo, numa espécie de entrelaçamento quântico, onde dois mundos estão de alguma forma tão ligados que um mundo não pode ser corretamente descrito sem que a sua contra-parte seja no mesmo instante mencionada. Esta correlação entre a linguagem dos mundos possíveis e o entrelaçamento quântico sugere que um mundo está a influenciar instantaneamente um outro mundo com o qual está entrelaçado, apesar da separação ontológica entre eles. Isto dá a entender que todos os mundos possíveis estão conectados por “forças” invisíveis que permanecem no espaço-tempo, ou que estão fora do que entendemos ou concebemos por sistema espaço-temporal. A linguagem dos mundos possíveis pode ser melhor traduzida pela estrutura própria dos computadores. A lógica clássica aristotélica-tomista tem uma memória feita de sentenças assim como um computador clássico tem uma memória feita de bits. Deste modo, cada bit guarda um “1” ou um “0” de informação, assim como cada proposição na lógica clássica guarda uma afirmação ou uma negação. Mas a mecânica quântica não é regida pela lógica clássica, como pudemos ver anteriormente, posto que na lógica clássica a proposição “o gato está vivo e morto” é uma contradição lógica que implica na falsidade da proposição, não sendo, portanto, um mundo possível. A mecânica quântica, pelo contrário, é regida pela lógica paraconsistente, onde a proposição “o gato está vivo e morto ” é verdadeira em um mundo possível. A lógica paraconsistente se iguala, portanto, à estrutura dos computadores quânticos, onde um quibit pode conter um “1”, um “0” ou uma sobreposição dos dois; ou seja, pode conter tanto um “1” como um “0” ao mesmo tempo. O computador quântico funciona como uma espécie de manipulação deste sistema binário, assim como a lógica paraconsistente funciona como um tipo de manipulação das sentenças na proposição, dando sentido lógico aos fenômenos do mundo subatômico. A lógica paraconsistente é a lógica própria da mecânica quântica que possibilita uma revolução no conceito de mundos possíveis, na medida em que é possível construir computadores quânticos com átomos que podem estar excitados e não excitados ao mesmo tempo, bem como com fótons que podem estar em dois lugares ao mesmo tempo, ou com prótons e neutrons  ou elétrons e pósitrons que podem ter um spin ao mesmo tempo para cima e para baixo, demonstrando a existência ontológica e metafísica de uma dialética dos mundos possíveis, onde certas contradições são (ou podem ser consideradas como verdadeiras) se e somente se forem possíveis em um determinado mundo, sendo essas contradições entendidas como verdadeiras em algum mundo possível, onde podem ser entendidas como contradições reais, na medida em que isso ocorre graças a revolução na linguagem dos mundos possíveis provocada pela paraconsistência da mecânica quântica.

 

O que acontece com a alma entre a morte e a sua ressurreição? Não dormimos na sepultura, como pensam algumas denominações religiosas? O espírito vai para algum lugar intermediário, onde vive conscientemente a sua ressurreição? A que se refere o termo ressurreição exposto na Bíblia? Refere-se a uma ressurreição da carne, a uma ressurreição da alma ou a uma reencarnação?

Quando Jesus estava a morrer pregado na cruz, o indivíduo que estava crucificado com ele a sua direita, disse-lhe: “Senhor, lembra-te de mim quando vieres no teu reino”. E Jesus respondeu: “Em verdade, vos digo: hoje mesmo estarás comigo no paraíso” (Lucas: 23: 42 a 43). Essa passagem do evangelho demonstra que a ressurreição da alma é imediata após a morte do corpo. Em (Coríntios; 15: 51 a 53), Paulo diz: “Eis que aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade”. Este versículo de Paulo de Tarso deixa claro que a ressurreição tratada em toda a Bíblia trata-se de uma ressurreição da alma e não de uma ressurreição da carne, pois aqui fica clara a oposição entre o corpo mortal e a imortalidade da alma. Desse modo, fica esclarecido que a palavra ressurreição exposta na Bíblia refere-se ao ato ou efeito de ressurgir, isto é, voltar à vida após a morte do corpo físico. Morre-se o corpo corruptível, vive-se a alma incorruptível. Porém, essa noção de ressurreição da alma só fora introduzida na Bíblia no Novo Testamento através de Paulo de Tarso. Todo o Antigo Testamento até às cartas de Paulo, o conceito de ressurreição refere-se a uma ressurreição da carne, e não a uma ressurreição da alma. No livro de Jó é dito: “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus”. (Jó; 19: 25 a 26). Mais a frente, o profeta Daniel escreve: “Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna outros para a vergonha e desprezo eterno” (Daniel; 12: 2). Isaias também diz: “Os teus mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho será como o orvalho das ervas, e a terra lançará de si os mortos” (Isaias; 26: 19). Como se pode ver, o Antigo Testamento apregoa não uma ressurreição da alma como Paulo de Tarso, mas sim uma ressurreição da carne no último dia, pois essa crença ainda era comum entre os Judeus mesmo no Novo Testamento, e isso fica notório na passagem que descreve a ressurreição de Lazaro. Quando Jesus diz à irmã de Lazaro que seu irmão ressuscitaria, ela responde: “Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia” (João; 11: 24). Portanto, como podemos ver, há uma diferença brutal entre a ressurreição no Velho Testamento e a ressurreição no Novo Testamento. A primeira se refere a uma ressurreição da carne, e a segunda a uma ressurreição da alma. Ao nosso entender, a noção de ressurreição da carne ou ressurreição do corpo deve ser comparada a noção de reencarnação, já ambos os conceitos significam literalmente “voltar à vida”, isto é, nascer de novo, tal como o próprio Cristo disse a Nicodemos que “ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo” (João; 3: 1 a 8). A Bíblia ensina que os nossos corpos ressuscitados serão diferentes dos que temos agora, pois, Paulo nos diz: “Assim também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual”. (1 Coríntios; 15: 42 a 44). "Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção" (1 Coríntios; 15: 50). Essa passagem esclarece a imortalidade da alma, ou seja, o fato de que a ressurreição se trata não de uma ressurreição da carne, mas sim de uma ressurreição da alma, de modo que a ideia de ressurreição da carne, se não for interpretada à luz da reencarnação, isto é, de uma volta à vida na carne, porém em outro corpo, nos parecerá uma ideia absolutamente absurda e fantasiosa, pois, quem de vós já viu um corpo se levantar da tumba? Acaso não enterrais os corpos dos vossos entes queridos? O que esperais, que os vossos entes queridos ressurjam das tumbas? Acaso não é mais sensato da vossa parte ter esperança de que vossos entes queridos voltarão à vida em um novo corpo? Acaso não é a isso que se refere a Bíblia quando nos fala da ressurreição da carne no antigo testamento? Se a ressurreição da carne é possível então é possível até mesmo um circulo quadrado. Como não é possível sequer pensar em um circulo quadrado, logo conclui-se que a ressurreição da carne é impossível, e que o conceito de ressurreição descrito no antigo testamento se trata da própria reencarnação como nos mostrou Kardec, e no novo testamento, a partir das cartas de Paulo, se trata da ressurreição da alma ou corpo espiritual e não de uma ressurreição corporal ou física.

 

O que acontece com a alma após a morte?

Segundo o Alvissarismo, o espírito, que é a essência do Ser, continua vivo após a morte do corpo físico. O que acontece do outro lado da vida, isto é, o que o espírito vivencia no mundo espiritual, é determinado pela fé e pelas ações que foram realizadas por ele na terra. A Lei de ação e reação, de causa e efeito (carma) torna-se imperativa, e cada um recebe punições ou recompensas de acordo com a quantidade e a qualidade exata de boas e más ações realizadas na terra. Esse processo é denominado de Juízo Particular, que é o momento em que a alma, que se separou de seu corpo após a sua morte, é julgada para saber se ela vai para o céu, o purgatório ou o inferno. O Juízo Particular "é o julgamento de retribuição imediata, que cada um, a partir da morte, recebe de Deus na sua alma imortal, em relação à sua fé e às suas obras". Se a quantidade e a qualidade de boas ações for maior do que a quantidade e a qualidade de más ações, então o espírito habitará o céu. Se a quantidade e a qualidade de boas ações for mais ou menos igual a quantidade e a qualidade de más ações, então o espírito habitará o purgatório. E se a quantidade e a qualidade de más ações for maior do que a quantidade e a qualidade de boas ações, então o espírito habitará o inferno. Para o Alvissarismo nem as punições nem as recompensas são eternas, cada espírito paga por aquilo que praticou em sua exata proporção, mas a todos é concedida a oportunidade da reencarnação; por isso a salvação será dada a todos, uns em mais tempo e outros em menos tempo, pois o objetivo final de toda a existência humana é se libertar do ciclo cármico da roda das encarnações e se tornar um anjo, servindo diretamente a Deus. A morte é vista como um processo de libertação do espírito preso ao cárcere do corpo; no entanto, este pode ficar apegado às suas dores, paixões, vícios e preocupações terrenas. O desligamento do mundo sensível varia de espírito para espírito, alguns demoram dias, outros meses, outros anos e outros séculos. Alguns espíritos ficam presos ao plano terrestre por apego às coisas, pessoas, situações ou sentimentos, e só são libertados desse plano quando conseguem resolver as questões que os prendem ao plano terrestre; depois de resolvidas as pendências do espírito com este mundo, os seu anjo da guarda pessoal lhe aparece e o ajuda a fazer a passagem através da luz, levando-o para o mundo que ele habitará com base na sua contabilidade moral. Há, inclusive, os espíritos que não tiveram fé na imortalidade da alma na vida terrena, e por isso não sabem que morreram e às vezes passam dias, anos ou até séculos achando que ainda estão vivos, criando ilusões para si próprios a fim de não se haverem com o fato de que não fazem mais parte do mundo dos vivos. Por isso a instrução na Palavra de Deus (Alvíssara) e a fé na imortalidade da alma é tão importante na jornada da vida terrena. Depois que toma consciência da morte e consegue se desapegar totalmente das coisas, pessoas, situações e sentimentos deste mundo, o espírito é amparado por seu anjo da guarda e por seus familiares, e levado até uma das diversas cidades espirituais que existem em todos os planetas do sistema solar, seja no purgatório ou no céu, o que será determinado pela sua elevação moral e intelectual. No caso de espíritos cuja contabilidade moral é negativa, o demônio o leva para o inferno no centro da terra. Os espíritos mais elevados não passam por esse processo, pois reconhecem de imediato a morte e se desapegam das coisas, das pessoas, da situações e sentimentos deste mundo logo que se dão conta de sua nova condição existencial; por terem se instruído na Palavra de Deus (Alvíssara) e terem tido fé na imortalidade da alma, praticado o amor, a justiça e a caridade, são imediatamente levados por seus anjos da guarda para suas moradas celestes. Quando estiverem preparados, depois de terem estudado as próprias ações em vida e reconhecido suas dívidas morais, os espíritos passarão por um julgamento de suas ações, toda a sua contabilidade moral estará exposta em um Livro, e a partir dele Deus determinará como, quando, onde e porque o espírito renascerá, sendo sua reencarnação cuidadosamente planejada pelos anjos de Deus; esse processo é denominado de Juízo Parcial, posteriormente ao julgamento o espírito retorna ao mundo sensível em um novo corpo a fim de quitar suas dívidas e adquirir novos créditos. O espírito é livre para progredir, estagnar ou retrogradar no processo reencarnatório, ou seja, ele pode escolher pagar ou não pagar as suas dívidas pretéritas; alguns espíritos nascem com um número de dívidas e voltam para o mundo espiritual devendo ainda mais, indo assim para o inferno. O processo reencarnatório só termina quando o espírito consegue, por conta própria, pagar todas as suas dívidas para com Deus, a natureza e o próximo, atingindo assim a santa Angelitude. As únicas diferenças sobre a ideia de uma vida após a morte entre o Kardecismo e o Alvissarismo, são as crenças na possibilidade do retrocesso na roda das encarnações e na existência do céu, do purgatório, do inferno e do Juízo Final; já que para o Alvissarismo, assim como para o Kardecismo, que fora influenciado pelo Platonismo, o mundo sensível ou material é apenas uma cópia imperfeita do mundo inteligível ou espiritual.

 

O que é o arrebatamento?

Para o Alvissarismo o arrebatamento é uma referência ao fenômeno narrado por Paulo de Tarso em (2 Coríntios; 12: 1 a 10), quando nos diz que ele fora arrebatado até o terceiro céu, ou seja, trata-se aqui de um arrebatamento do espírito, em outras palavras, de um desdobramento da alma durante o sono, isto é, um desprendimento total da alma do corpo ao qual habita. Trata-se de um fenômeno que irá ocorrer em massa no fim dos tempos, onde os escolhidos por Cristo serão arrebatados em espírito tal como Paulo de Tarso o fora até o terceiro céu. Em sua carta à Igreja dos Tessalonicenses, Paulo nos diz: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com ele nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Tessalonicenses; 4: 16 a 17). Essa passagem explica que o fenômeno do arrebatamento descrito na Bíblia nada mais é do que aquilo que no Espiritismo se conhece por desdobramento da alma. Esta passagem implica que Paulo nos diz que os três principais eventos escatológicos, ou seja, a vinda do Senhor Jesus, a ressurreição e o arrebatamento acontecerão todos mais ou menos ao mesmo tempo. A Bíblia ensina que, na ressurreição, o corpo natural será transformado em um corpo sobrenatural, e essa transformação deve-se estender ao arrebatamento, onde os escolhidos, isto é, os crentes vivos serão arrebatados até o céu para se juntarem com os que já morreram ao encontro de Cristo na sua vinda. Em outras palavras, no fim dos tempos, o fenômeno do desdobramento acontecerá em massa e de forma absolutamente consciente, onde os crentes escolhidos serão desdobrados em alma até o céu com a finalidade de se encontrarem com Jesus para prepararem a sua vinda.

 

Como será o retorno de Jesus Cristo?

Paulo de Tarso agrupou o retorno de Jesus Cristo juntamente com a ressurreição e o arrebatamento. Depois de Cristo reunir no céu os seus seguidores fiéis, isto é, os verdadeiros Cristãos, independente de suas denominações, será realizado o casamento do Cordeiro: “Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se apresentou. E foi-lhe dado que vestisse linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos” (Apocalipse; 19: 7 a 8). Cristo é representado aqui como o Cordeiro de Deus, simbolizando a expiação de sua vida como um sacrifício expiatório para os povos do mundo, assim como os cordeiros eram sacrificados no altar para expiar os pecados do povo de Israel. Sua esposa é o povo de Deus, pois ela está revestida com os atos puros dos santos. Assim como na parábola das Dez Virgens, o casamento ocorrerá, haverá uma grande festa no céu que envolverá a grande multidão dos que serão arrebatados pelo Senhor. Mas como acontecerá esse retorno de Jesus Cristo, isto é, como ele retornará? Ao nosso entender, esse retorno não se dará de outra forma senão pela reencarnação. A Escatologia Alvissarista entende que Jesus Cristo reencarnará na terra no fim dos tempos pela terceira vez, já que, como dissemos anteriormente, Jesus fora o primeiro espírito a encarnar na face da terra, e depois reencarnou em Belém para pagar a dívida adquirida por sua primeira encarnação como Adão, assim como está exposto em (João; 1: 1 a 5) e (Romanos; 5: 12 a 21); ou seja, para o Alvissarismo Jesus Cristo é a reencarnação de Adão. Desse modo, a próxima vinda de Cristo será então a terceira, e não a segunda como é apregoado pelas outras denominações Cristãs (Catolicismo, Protestantismo e Ortodoxia Oriental). Segundo a Escatologia Alvissarista, Jesus Cristo reencarnará na terra pela terceira vez no fim dos tempos, tal como está descrito em (Apocalipse: 12: 1 a 2): “Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher revestida do sol, com a lua debaixo dos pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. Grávida, gritava nas dores de parto e com ânsias de dar a luz”. Não há simbolismo aqui, a mensagem é clara e notória, Jesus reencarnará na terra no fim dos tempos, tal como é descrito pela revelação de João. Após o arrebatamento do espírito, haverá um grande caos na terra durante sete anos (três anos e meio de falsa paz e três anos e meio de guerras), com o governo do Anticristo (líder político mundial), do falso profeta (líder religioso ecumênico) e da Besta (o deus da religião do futuro), esse período é chamado de grande tribulação. Porém, após os sete anos de grande tribulação, Jesus reencarnará novamente na terra para reinar no nosso planeta por mil anos, porém sua reencarnação será manifestada por grande batalha, pois, como nos é narrado em Apocalipse, Satanás fará de tudo para impedir o seu retorno, tal como Herodes tentara impedir o seu nascimento na sua última encarnação em Belém, mandando matar todos os meninos com menos de dois anos, segundo a data que havia averiguado com os magos, tal como está descrito em (Mateus; 2: 16 a 18), confirmando o processo histórico através do desejo infanticida que nós denominamos de Complexo de Abraão; porém ele não conseguirá impedir a sua reencarnação: “A cauda varreu do céu a terça parte dos astros e os precipitou sobre a terra. O dragão parou diante da mulher na dor do parto a fim de lhe devorar o filho quando o desse à luz. A mulher deu à luz um filho varão, que há de apascentar todas as nações com cetro de ferro. Mas o filho lhe foi arrebatado para junto de Deus e seu trono. A mulher fugiu para o deserto, onde havia um lugar preparado por Deus, para alimentá-la durante mil duzentos e sessenta dias” (Apocalipse; 12: 4 a 6).

 

Como será o Juízo Final?

Após o milênio, irá acontecer o Juízo Final: “E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Apocalipse; 20: 13 a 15); e a construção do “novo céu” e da “nova terra”: “E vi um novo céu, e uma nova terra (Apocalipse; 21: 1), onde será banida a morte, ou seja, onde não haverá mais descrença sobre a imortalidade da alma, onde o corpo espiritual será pleno e manifesto, pois viveremos não mais em um mundo de regeneração moral, mas sim em um mundo celeste, pois já estaremos todos regenerados, e nisto consiste o Juízo Final, ou seja, em Deus separar os justos dos ímpios, os não regenerados dos regenerados, os santos dos pecadores, os credores dos devedores com base na contabilidade moral de cada espírito dentro da Roda das Encarnações, anotada no Livro da Vida, e dar aos primeiros a “Nova Jerusalém” como morada eterna, e aos últimos o inferno como morada por tempo indeterminado, até que todos os espíritos malignos se arrependam e Satanás reconheça a soberania de Deus como o Rei do Universo, pedindo ao Pai para voltar para casa celeste como na parábola do filho pródigo, e Deus o acolherá novamente em sua morada no céu como era no princípio, salvando então todas as almas do fogo do inferno, inclusive a alma do próprio Satanás, que depois de voltar arrependido para a casa do Pai Celeste, tornar-se-á novamente um anjo de luz e se reconciliará com Jesus, e todos os espíritos viverão em paz e harmonia no reino de Deus, e o inferno não mais existirá. Acima de tudo, recomendo que se façam preces, orações, súplicas e ações de graça por todos os homens, pelos reis e por todos os depositários de autoridade, a fim de gozarmos de vida sossegada e tranquila em toda piedade e honestidade. Isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador. Ele deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. Porque um é Deus, um também o mediador entre Deus e os homens: Cristo jesus, que se entregou para a redenção de todos. (1 Timóteo; 2: 1 a 6)

 

 

bottom of page