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                             Dissidência Alvissarista

 

O Alvissarismo, assim como todo grande movimento religioso, nasceu de uma dissidência, isto é, de uma divergência de opiniões por parte do autor e escritor mineiro Thiago de Paiva Campos em relação aos princípios fundamentais do Espiritismo Kardecista, corrente do Espiritismo predominante no Brasil e no mundo. Ao realizar em uma obra sistemática a divergência de opiniões que é própria da natureza humana, Thiago provocou uma dissidência pacífica dentro do movimento espírita, que é o princípio natural de todo grande movimento religioso da história da humanidade. Analisando mais de perto a história das religiões, percebemos que todas as grandes religiões do mundo surgiram de dissidências dentro do movimento religioso predominante, deste modo é que o Judaísmo nasceu de uma dissidência por parte de Abraão em relação às religiões politeístas predominantes na Mesopotâmia naquela época. O Cristianismo, por sua vez, nasce de uma dissidência por parte de Jesus de Nazaré em relação ao Judaísmo predominante em Israel naquela época. O Islamismo nasce de uma dissidência por parte de Maomé em relação ao politeísmo predominante na Arábia naquela época. O Budismo nasce de uma dissidência por parte de Sidarta Gautama em relação ao Hinduísmo predominante na Índia naquela época, que por si mesmo já era repleto de dissidências. O Espiritismo, por sua vez, surgiu de uma dissidência por parte de Kardec em relação à Igreja Católica predominante na Europa naquela época, do mesmo modo como o moderno espiritualismo nasceu de uma dissidência do movimento evangélico, que por sua vez surgiu de uma dissidência por Parte de Lutero, Calvino e outros reformadores em relação à Igreja Católica. À medida que aprofundamos nosso conhecimento sobre a evolução histórica das religiões, percebemos nitidamente que todas as grandes religiões do mundo nasceram de dissidências de religiões anteriores, em uma cadeia histórico-cultural de estrutura social hereditária e gramatical que certamente nos levará aos primórdios da humanidade, quando, segundo o Alvissarismo, a primeira religião da história foi fundada pelo Pai Primevo de Pequim, através da encarnação do Verbo (Logos) promovido pelo roubo do fogo, na Indonésia, na Ilha de Java, no período paleolítico inferior, entre 500.000 a. C a 30.000 a. C, tal como está revelado no segundo selo do primeiro tomo de Alvíssara. Este livro é endereçado aos Espíritas em geral. Seu objetivo é o de demonstrar os fundamentos do Espiritismo-Alvissarista, partindo de um retorno crítico à Kardec, do ponto de vista filosófico, epistemológico, antropológico, psicológico, metafísico, teológico e religioso. Sua finalidade é a de arquitetar uma reforma dentro do movimento Espírita, tendo como objetivo sincretizar o Judaísmo, o Cristianismo e o Espiritismo em uma única doutrina homogênea, que revela a encarnação primeva do Verbo através da teoria do roubo do fogo, explicando a mais importante questão do Espiritismo não revelada por Kardec: como, quando, onde e por que o espírito encarnou pela primeira vez na terra? Que revela o mistério do desaparecimento do corpo de Cristo através da tese do roubo do corpo de Cristo; que desfaz a pretensão Kardequiana de uma Ciência Espírita através das filosofias de Hume, Kant, Lacan, Wittgenstein, Popper, Gödel, Heisengerg, Russel e Shrödinger; que revela a possibilidade lógica e teológica do retrocesso moral na roda das encarnações, explicando a existência real de Satanás; que reconstrói a relação do Espiritismo com o Cristianismo, aderindo à Santíssima Trindade e à tese de que Jesus é o Filho de Deus (mas não o próprio Deus); que reforma a estrutura fundamental do Espiritismo imbuindo em sua arquitetura doutrinária a necessidade de uma economia e uma política Espírita-Alvissarista através do estruturalismo econômico e da teodemocracia, legando ao Espiritismo um sistema de Filosofia, Política, Economia e Religião, e não um sistema de Ciência, Filosofia e Religião, tal como pretendeu Kardec. O Alvissarismo reforma o Espiritismo reestruturando o seu tríplice aspecto (Ciência, Filosofia e Religião), e transformando-o em aspecto quadruplo (Filosofia, Política, Economia e Religião). Na história das religiões, cada uma delas se apresenta como estritamente verdadeira, salvando assim a sua aparência, no entanto, partindo da análise histórica das religiões é possível perceber que, em um sentido puramente técnico, cada uma delas apresenta em um determinado momento histórico-cultural uma quase-verdade (no sentido ao qual Newton da Costa dá ao termo, porém interpretado não a partir da ciência, mas sim da religião). A meta de todas as religiões é  revelar a verdade ou a quase-verdade através de um retrato da Verdade, uma unidade histórica do real. A religião pretende conhecer o real como ele é em si mesmo, constituindo-se como uma teoria da correspondência da verdade absoluta, onde um único pensamento religioso corresponde à Verdade. Mas a história das religiões demonstra que não é assim que a Verdade se revela ao homem, cada religião revela apenas uma parte da Verdade, sendo, portanto, uma quase-verdade. As grandes religiões se mostram como as detentoras da Verdade absoluta, mas quando se analisa a história o que se vê é que todas as religiões possuem uma verdade parcial sobre Deus, o homem e o mundo. Todas as grandes religiões são, em verdade, quase verdadeiras. Por exemplo, é comum no meio religioso pensar que o cristianismo desbancou o judaísmo, ou o protestantismo desbancou o catolicismo, ou o islamismo desbancou o judaísmo ou o cristianismo, ou o budismo desbancou o hinduísmo, ou o espiritismo desbancou o catolicismo, e assim por diante. Isso, no entanto, é absolutamente falso. Deus, durante a história, revelou-se ao mundo através de uma sucessão de Livros Sagrados de todas as grandes religiões por meio de seus mensageiros diretos e indiretos, cujo propósito sempre foi o de religar o homem a Deus. Cada religião é quase verdadeira dentro de determinados limites históricos e culturais. Todas as grandes religiões são verdades parciais da Verdade Absoluta. Para a mesma religião quase verdadeira há infinitas outras religiões verdadeiras, e a história das religiões prova isso. E essas religiões quase verdadeiras são de modo geral incompatíveis entre si, logo, a teoria da quase-verdade de Da Costa aplicada à religião, demonstra que esta é regida por uma lógica paraconsistente que se estrutura na proposição "O homem está morto, mas está vivo", que fundamenta a mensagem central de todas as religiões: a vida após a morte, sem mesmo que isso constitua a veracidade de todas as religiões possíveis, isto é, sem que o princípio de explosão faça com que todas as religiões sejam verdadeiras, ou seja, onde é possível que determinadas religiões sejam falsas. Mas como reconhecer uma religião verdadeira em meio a outras religiões falsas? Com base na lógica paraconsistente exposta na proposição "O homem está morto, mas está vivo", uma religião será verdadeira se e só se ela tiver como mensagem central a vida após a morte, seja ela exposta através da ressurreição, da imortalidade, do renascimento ou da reencarnação, isto é, uma religião será falsa se e só se ela for aniquilacionista. Um exemplo clássico de falsa religião dentro da história foi a seita judaica dos saduceus, que não apregoava nenhuma das quatro possíveis formas de crença na vida após a morte descritas anteriormente. Como não é possível saber se uma determinada proposição sobre a vida após a morte é falsa ou verdadeira, o mais sensato a se fazer é suspender o juízo e adotar a possibilidade mais provável não como um juízo assertórico e apodítico, mas sim como hipotético e problemático, e ter certeza do juízo adotado somente depois de experimentá-lo por si mesmo. O Alvissarismo estrutura sua mensagem central da vida após a morte através da crença na ressurreição da alma ou corpo espiritual (e não do corpo físico), da imortalidade da alma como uma identidade permanente, do renascimento como uma herança de agregados impermanetes; referindo-se ao processo contínuo da mudança, da transformação erguido por uma luta de opostos binários como a Vida e a Morte estruturados como uma linguagem pela Roda das Encarnações, porque acredita que dentre todas as possibilidades de uma vida após a morte estas sejam as mais prováveis. Deste modo, se faz necessário esclarecer que o Alvissarismo não veio para desbancar o Kardecismo, mas sim para reformá-lo e apresentar ao mundo mais uma quase-verdade, na esperança e na fé da revelação da Verdade Absoluta do Evangelho Eterno que só será anunciado pelo anjo no fim dos tempos. A Verdade Absoluta é uma mensagem eterna e universal. Paulo descreveu o evangelho como “a revelação do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos, e que, agora, se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para a obediência por fé, entre todas as nações” (Romanos 16:25-26). Aos efésios ele escreveu sobre seu privilégio de “pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo e manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos, oculto em Deus, que criou todas as coisas ... segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Efésios 3:8-11).

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