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                              Calendário Alvissarista

 

 

O Calendário Alvissarista é o sistema para contagem e agrupamento de dias que visa atender, originalmente, as necessidades civis e religiosas da Cultura Alvissarista.  As unidades principais de agrupamentos são o mês e o ano.

 

A unidade primordial para a contagem do tempo no Calendário Alvissarista é o dia, que corresponde necessariamente ao período de tempo que sincroniza a sucessão de dois eventos naturais equivalentes, como por exemplo, o intervalo de tempo entre uma aurora e outra, ou entre um crepúsculo e outro. O dia solar médio dura 24 horas no planeta terra. O mês lunar corresponde ao período de tempo entre duas lunações, cujo valor aproximado é de 29,5 dias.

 

O ano solar é o período de tempo que marca o ciclo das quatro estações (primavera, verão, outono, inverno). O ano solar médio tem aproximadamente 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 47 segundos (365, 2422 dias). A cada quatro anos, as horas extras são reunidas no dia 29 de fevereiro, formando o ano bissexto, isto é, o ano com 366 dias. Portanto, o Calendário Alvissarista possui como base o calendário gregoriano, isto é, o Calendário Alvissarista é solar, e não lunar. A grande novidade introduzida pelo Alvissarismo é a divisão do tempo em antes e depois do Logos. É esta divisão que caracteriza a identidade do Calendário Alvissarista. Mas qual a razão dessa divisão do tempo em antes e depois do Logos? O motivo pelo qual o Alvissarismo propõe essa divisão é a sua teoria sobre a origem da linguagem.

 

Segundo a Filosofia Alvissarista, o Real é um termo que designa um conceito enigmático, não podendo ser equiparado a realidade, uma vez que o Alvissarismo entende que a realidade é estruturada simbolicamente. O Real não é a realidade, pelo contrário, o Real é o núcleo indecifrável da realidade, isto é, algo que nos referencia a um trauma ou fixação marcada pelo limite e a incompletude da simbolização (ou seja, algo que não pode ser expresso em palavras). O Real é o negativo, não tendo existência epistemológica positiva, existindo, portando, somente como algo puramente abstrato, consistindo não como algo externo à realidade, mas como o próprio núcleo da realidade cuja qual a capacidade humana de simbolização, marcada pelo limite e pela incompletude, não consegue alcançar através da ciência, sendo exatamente o que se manifesta dentro da ordem simbólica através da Filosofia, da Arte e da Religião.

 

Para a Filosofia Alvissarista, a realidade é estruturada como uma ficção, isto é, ela é construída a partir da simbolização limitada pela origem do Logos (Razão), existindo, portanto, um Real antes do Logos e um Real depois do Logos, sendo o primeiro inacessível à ciência, e o segundo manifesto através de fósseis e paradoxos lógicos na linguagem, sendo apenas um tipo de interpretação simbólica da coisa-em-si. Desse modo, o Real manifesta-se através de situações que nos parecem fictícias e abstratas, como sonhos, ritos, mitos, hierofanias e pela mediunidade, permitindo que entremos em contato direto com o que há de mais próximo do Real, promovendo a comunicabilidade entre os mundos sensível e inteligível, isto é, tornando possível a comunicação direta entre o mundo material e o mundo espiritual.

 

A Filosofia Alvissarista afirma que o Simbólico surge com o advento da linguagem (Logos) promovida pelo espanto gerado no homem primitivo de Pequim através do roubo do fogo, e é construída aos poucos através do jogo da presença e ausência do fogo (For! Da!) jogado pelo homem primitivo de Pequim quando, na estratégia de recuperação do fogo roubado pelo homem primitivo de Trinil, transpassara o fogo de mão em mão entre os homens primitivos até chegar com este de volta à aldeia. O mesmo processo que hoje em dia pode ser visto na cultura através dos jogos olímpicos, onde a tocha é passada de mão em mão até chegar ao seu destino final; ou na política, onde a faixa presidencial e a coroa são passadas de presidente a presidente ou de rei a rei; ou na economia, onde o dinheiro como moeda de troca é passado de mão em mão; ou na moral, onde os costumes são passados pelos pais aos seus filhos de geração em geração.

 

O imaginário, segundo a Filosofia Alvissarista, é algo semelhante ao Simbólico, no entanto, enquanto o Simbólico relaciona-se de modo a estruturar as leis e regras da sociedade, o Imaginário está diretamente ligado à imagem promovida na mente humana através da experiência sensível (tato, olfato, visão, audição, paladar). O Imaginário é o instrumento que permite com que a experiência sensível promova o conhecimento do mundo; é o que faz com que a experiência sensível de um determinado objeto do mundo possa ser conhecido pelo homem. É aquilo que fez com que o homem primitivo de Pequim, ao ver o fogo roubado pelo homem primitivo de Trinil, trouxesse à sua mente o conceito de fogo como sendo o primeiro signo linguístico existente no mundo, como sendo o ponto de origem da cadeia significante, isto é, a encarnação primeva do Verbo (Adão/Jesus), o primeiro espírito a encarnar na terra. A visão do fogo trouxe à mente do homem primitivo de Pequim o conceito de fogo, sem, no entanto, ser relacionado aos outros conceitos ideológicos construídos através do tempo e que emergem conjuntamente com essa ideia (o fato de o fogo representar a paixão, o bem, o dinheiro e o poder, o divino, que equivale à lembrança inconsciente de ter recuperado o fogo roubado).

 

Os registros do Real, Simbólico e Imaginário, de acordo com Lacan (desde o Seminário XX), estão interligados numa forma de nó borromeano, numa estrutura de três anéis que se enlaçam em torno do objeto (a), isto é, o objeto ausente, o fogo roubado na origem do Logos. Essas três dimensões existenciais estão interligadas de tal modo que a mínima modificação em uma dessas dimensões provocaria uma modificação nas outras duas.

 

É aqui que se faz necessário distinguir o espaço real, simbólico e imaginário, e o tempo real, simbólico e imaginário.

 

O espaço real é o espaço físico (largura, espessura e comprimento) antes e depois do Logos, havendo, portanto dois tipos de espaço real, o espaço real 1 e o espaço real 2; o primeiro é inalcançável simbolicamente, enquanto que o segundo se manifesta através de fósseis e de paradoxos lógicos na linguagem.

 

O espaço simbólico é o espaço registrado pela ordem simbólica estruturada pelo Logos, ou seja, o espaço simbólico é o que dá sentido ao espaço real, já que é aquele fundado pelo surgimento do universo simbólico, em outras palavras, o espaço simbólico é aquele posterior ao Logos, posterior à letra que estrutura a realidade. O espaço simbólico é o que permite ao homem medir e contar o espaço real através de réguas e trenas (1, 2, 3... etc.). Sem o espaço simbólico é impossível conhecer o espaço real.

 

O espaço imaginário, por sua vez, é o espaço fundado através de um hiato entre o espaço real e o espaço simbólico, isto é, entre o antes e o depois do Logos. O espaço imaginário é o espaço que mediatiza o real e o simbólico; é o espaço fundado pelo Logos para dar vazão à ordem simbólica.

 

O tempo real, simbólico e imaginário, se estrutura da mesma forma que o espaço real, simbólico e imaginário, porém, é necessário esclarecer que o Logos é justamente o que fundi o espaço e o tempo através de um elo fundado num hiato, numa falta, num vazio arranjado pela ausência do fogo que dera origem ao universo da palavra, da letra e do número. O tempo real é o tempo físico (permanência, sucessão e simultaneidade) antes e depois do Logos, havendo, portanto, dois tipos de tempo real, o tempo real 1 e o tempo real 2; o primeiro é inalcançável simbolicamente, enquanto que o segundo se manifesta através de fósseis e paradoxos lógicos na linguagem. O tempo simbólico é aquele que surge através do Logos, ou seja, o tempo simbólico é aquele que permite ao homem medir e contar o tempo real através de relógios e calendários (1, 2, 3... etc.). Sem o tempo simbólico é impossível conhecer o tempo real. O tempo imaginário, por sua vez, é o tempo fundado através de um hiato entre o tempo real e o tempo simbólico, isto é, entre o antes e o depois do Logos. O tempo imaginário é o tempo que mediatiza o real e o simbólico; é o tempo fundado pelo Logos para dar vazão à ordem simbólica.

 

Antes do aparecimento do Logos o espaço e o tempo existiam de modo puramente real e de forma separada. Com o surgimento do Logos através do roubo do fogo, o tempo e o espaço se fundiram para estruturar a “Estética Transcendental”; em outras palavras, se antes do Logos o espaço e o tempo não eram unidos, depois do Logos o espaço e o tempo se fundiram, dando lugar ao que hoje chamamos de espaço-tempo, ou seja, antes do Logos o espaço e o tempo eram externos ao sujeito, e posteriormente ao surgimento do Logos o espaço e o tempo se fundiram e foram internalizados no sujeito, fundando assim a subjetividade através da cópula entre o espaço e o tempo, cujo centro de gravidade é um hiato gerado pela ausência do fogo; é exatamente por isso que o espaço e o tempo curvam-se através do deslocamento e da condensação simbólica, estruturada pelo hiato da ausência do fogo que é representado aqui pelo (-1), ou seja, representado pelo nome de Deus.

 

Quando sabemos a forma da trajetória de um corpo, como o sol, podemos determinar sua posição no decorrer do tempo através de um único número, chamado abcissa do corpo. Para localizarmos o sol num determinado instante, adotamos o acontecimento primordial da humanidade: a origem da linguagem. Acontecimento ocorrido, segundo o Alvissarismo, no período paleolítico inferior, entre 500.000 a. C. a 30.000 a. C. O instante exato em que o macaco se tornou homem através do nascimento do Logos, da encarnação do Verbo. Esse ponto que marca o instante em que o espírito se fez carne nós o simbolizamos com a letra “O” como sendo o ponto de origem da cadeia significante, causando o surgimento do Homo sapiens, considerado a partir do gene da linguagem, isto é, do Logos. Este ponto “O”, ao qual nós chamaremos de origem do tempo simbólico, e orientamos a trajetória positivamente, por exemplo, para a direita, como sendo o tempo depois do Logos, e para a esquerda, como sendo o tempo antes do Logos.

 

Para conhecermos a posição do sol, isto é, sua abcissa, num certo instante, precisamos conhecer sua distância em relação ao ponto de origem da cadeia significante “O”. Vamos apresentar a posição do sol num instante dado pela letra “S”. Essa posição será positiva (+) se o sol estiver à direita da origem do Logos e negativa ( - ) se estiver à esquerda.

 

Na trajetória a seguir temos:

 

 

                                                                                        T1                                          S                T2

 

                                                                     ----|----|----|----|----|----|----|----|----| O  |----|----|----|----|----|----|----|----|      

 

                                                                     ... -9   -8    -7    -6    -5   -4    -3   -2    -1      1     2     3     4     5     6    7     8     9 ...

 

 

A posição do sol no instante T1=-7

 

A posição do sol no instante T2=3

 

A posição do sol na origem do Logos S= O=500.000 a. C.

 

Posição escalar do sol é a medida da distância do sol até a origem da cadeia significante, num determinado instante do tempo.

 

Para sabermos qual a data de um determinado dia no Calendário Alvissarista, basta apenas que tenhamos como ponto de contagem do tempo a data de 500.000 a. C. Se estamos no calendário gregoriano na data de 12/03/2014, no Calendário Alvissarista, para sabermos qual é a data que equivale à data do calendário gregoriano, basta apenas que somemos os 500.000 a. C com os 2014 d. C. Resultando na data de 12/03/502.014 depois do Logos (d. L).

 

O Calendário Alvissarista, no entanto, possui consequências para a arqueologia, a paleontologia e a geologia, ou seja, caso encontremos um fóssil que date de mais ou menos 600.000 a. C, então no Calendário Alvissarista, para sabermos qual é a data que equivale à data do calendário gregoriano, basta apenas subtrairmos os 500.000 a. C com os 600.000 a. C. Resultando no ano -100.000, ou simplesmente 100.000 antes do Logos (a. L).

 

 

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