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                                                                 A Bíblia 

 

Ao abrir a Bíblia, o homem se depara com um dos livros mais lidos de toda a história da humanidade. Centenas de milhares de pessoas procuraram dentro da Bíblia um sentido para a sua vida e de fato o encontraram. A Bíblia foi, é e sempre será um instrumento de regeneração moral, de modo que diversas pessoas ao entrarem em contato com ela tiveram as suas vidas transformadas. Através da Bíblia, arrogantes se tornaram humildes, vaidosos se tornaram simples, avarentos se tornaram caridosos, egoístas se tornaram altruístas, viciados se tornaram virtuosos; através da Bíblia pecadores se arrependeram e passaram a viver dentro dos limites da lei, almas foram restauradas e famílias inteiras reformadas. De imediato, vemos que esse não é um Livro comum como qualquer outro, pois, um Livro procurado por tanta gente e capaz de transformar tantas vidas deve possuir um segredo muito importante para toda a humanidade. Mas qual é esse segredo? Que mistério está por trás da Bíblia? Como fazer para decifrá-lo?

 

O segredo, o mistério que há por trás da Bíblia ela é a Palavra de Deus, e ao abri-la, o homem dedica-se a interpretar o discurso de Deus. Em todas as épocas da história da humanidade, sobretudo em épocas de crise existencial como a nossa, tornamo-nos a comer da Bíblia como se fosse o pão da vida. A Bíblia é o alimento da alma; a espada do guerreiro, a balança do justo! De uma forma ou de outra acreditamos que a Bíblia tem a ver com Deus. A fé nos diz que a Bíblia é a Palavra de Deus. “Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mateus; 4: 4). A Bíblia é o discurso de Deus; a palavra traz consigo a força magnética e o valor existencial de quem a pronuncia. A palavra dos homens erra e se engana, mas a Palavra de Deus não erra nem se engana, pois ela é prego firme que se finca no coração dos homens e sustenta a existência de quem nela se agarra e por ela orienta sua vida. Porém, assim como todo discurso, a Palavra de Deus também deve ser interpretada não somente à luz da fé, mas também à luz da razão, caso contrário, a fraqueza do homem fará com que ele troque alhos por bugalhos. É graças a essa desorientação hermenêutica que em todas as épocas a Bíblia foi utilizada como um instrumento das maiores atrocidades da história da humanidade. A Palavra de Deus é segura, não erra nem se engana; quem erra e se engana são os homens ao interpretá-la apenas à luz da fé e não também à luz da razão. Se em muitas épocas a Bíblia foi utilizada para sustentar assassinatos, genocídios, holocaustos, infanticídios, parricídios, escravidão, preconceito, racismo e intolerância, o problema não está exatamente na Bíblia, mas sim na interpretação que os homens em todas as épocas fizeram dela. A Bíblia em si é boa, pois “toda escritura divinamente inspirada é útil para ensinar, para repreender, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e capacitado para toda boa obra” (2 Timóteo; 3: 16). Desse modo, “pela paciência e consolação das Escrituras, permaneçamos firmes na esperança” (Romanos; 15: 4).

 

A Bíblia é a Palavra de Deus, mas esta palavra deve ser devidamente interpretada à luz da fé e à luz da razão, pois, em lugar algum da Bíblia Deus colocou a sua assinatura como o autor desse Livro. Nunca ninguém sequer viu o Espírito Santo movendo as mãos de alguém para escrever um dos textos bíblicos. Desse modo, cabe a nós perguntar: como foi que o povo descobriu que a Bíblia é a Palavra de Deus? Como a humanidade chegou à conclusão de que Deus é o autor da Bíblia? Como compreender esta convicção tão profunda da nossa fé de que a Bíblia é o discurso de Deus? Foi o próprio Deus quem a escreveu? Como foi que a Bíblia surgiu? Qual a sua mensagem central? Como a Bíblia deve ser lida e interpretada? A Palavra de Deus encontra-se tão somente na Bíblia? Bem, estas são algumas das perguntas cujas quais tentaremos responder a partir de agora.

 

A Bíblia é o Livro que expõe a caminhada do povo de Deus. A Bíblia não saiu das mãos de Deus e caiu do céu na terra; ela surgiu da terra, da vida concreta do povo de Deus. A Bíblia foi construída através de um processo dialético que foi do concreto (terra) para o abstrato (céu) e depois do abstrato (céu) para o concreto (terra). Isso quer dizer que ela surgiu ao mesmo tempo como esforço da ação humana e como fruto da inspiração divina. Quem escreveu a Bíblia foram todos os tipos de pessoas, homens e mulheres, jovens e velhos; foram eles que pegaram lápis e papel e a escreveram sob a inspiração de Deus, escreveram sobre aquilo que estava em seus corações. Talvez a maior parte dos redatores da Bíblia não tivesse consciência de que estavam escrevendo sob a inspiração de Deus; suas intenções eram apenas a de prestar um serviço útil aos irmãos da comunidade em nome de Deus, construindo histórias que sintetizassem seus conflitos existenciais e que servissem ao mesmo tempo como instrumento de moralização para fazer brotar no coração do povo a fé em Deus. A função da Bíblia era fazer com que a fé em Deus e a prática da justiça fossem o centro gravitacional da vida do povo. Preocupados em alimentar a fé em Deus e promover a justiça, eles falavam e escreviam histórias que servissem de exemplo de vida moral, histórias que inspirassem o povo a se manter dentro dos limites da lei. Alguns falavam e outros escreviam. A Bíblia, de início, fora transmitida oralmente, de boca em boca, de geração em geração, durante muitos anos. Somente mais tarde é que ela foi redigida e concretizada em uma escrita, a fim de assegurar a transmissão da história daquela comunidade, no intuito de que ela não se perdesse no tempo e no espaço.

 

As palavras faladas e escritas de todas aquelas pessoas asseguraram a transmissão das histórias contadas pelos antepassados, que redigidas em um livro, concretizou a formação do povo de Deus. A Bíblia surgiu do esforço comunitário de toda uma gente, que espelhou neste livro os seus conflitos existenciais. A Bíblia surgiu da vontade do povo de ser fiel a Deus e a lei, a fim de fundar o que hoje se chama a civilização. A Bíblia é a voz de Deus porque foi construída através da voz do povo.

 

A Bíblia é um Livro inspirado por Deus porque a voz do povo é a voz de Deus. É por isso que esse Livro, que surgiu da vida e da caminhada de um povo é considerado a Palavra de Deus. A Bíblia é produto de uma ação dialética que vai da terra para o céu e depois do céu para a terra; em outras palavras, a Bíblia surgiu de um processo dialético que foi do povo para Deus e depois de Deus para o povo.

 

Em virtude da fidelidade a Deus e ao povo, a comunidade foi, aos poucos, selecionando os escritos que eram considerados de maior importância para a sua caminhada. Assim apareceu um cânon, isto é, uma lista de livros, reconhecidos por toda a comunidade como sendo a expressão mais sublime de sua fé, como sendo o Livro que sintetiza o coração da comunidade, expresso em suas convicções, em suas histórias, em suas leis, em seu culto em sua missão. Lido e repetido diversas vezes em suas reuniões e celebrações festivas, essa lista de livros foi dando aos poucos uma significação para a existência daquele povo. A partir de então, isto é, do surgimento de um significado existencial, o Livro tornou-se símbolo da autoridade de Deus, tornando-se sagrado para o povo, pois ele era a expressão mais sublime da vontade de Deus, tornando-se então, a Palavra de Deus. A Bíblia é o resultado final de uma longa caminhada de um povo em busca de uma significação para a sua existência.

 

A Bíblia, desse modo, não foi escrita de uma só vez. Levou mais de mil anos para ser finalizada. Começou mais ou menos em torno de 1250 a. C, e o ponto final só foi colocado por volta do ano 100 d. C. Na verdade, é impossível saber de forma assertórica e apodítica quando foi que a Bíblia começou a ser escrita, pois, muito antes de ser escrita, a Bíblia foi transmitida oralmente de geração em geração, num esforço para fazer com que a vida da comunidade tivesse como centro gravitacional a fé em Deus e a prática de sua lei.

A Bíblia não foi escrita em um único lugar, mas sim em diversos lugares diferentes. A maior parte do A.T e do N.T foi escrita na Palestina, terra onde viveram os maiores profetas e Jesus, o Filho de Deus. Algumas partes do A.T foram escritas na Babilônia, terra onde o povo viveu no cativeiro no século VI a. C. Outras partes foram escritas no Egito, para onde muitas pessoas emigraram depois do cativeiro. O N.T tem partes que foram escritas na Síria, na Ásia Menor, na Grécia e na Itália, onde havia muitas comunidades, fundadas e visitadas pelo apóstolo Paulo.

 

A Bíblia não foi escrita em uma única língua, na verdade ela foi escrita em três línguas distintas. A maior parte do A.T foi escrita em hebraico, pois essa era a língua que se falava na Palestina antes do cativeiro. Logo depois do cativeiro, o povo começou a falar o aramaico, no entanto, a Bíblia continuou a ser escrita, copiada e lida em hebraico. Só uma parte bem pequena do A.T foi escrita em aramaico. Um único livro do A.T foi escrito em grego, o Livro da Sabedoria. O grego era a nova língua utilizada principalmente no comércio que tomou aquele mundo depois das conquistas de Alexandre Magno, no século IV a. C. Desse modo, na época de Jesus, o povo da Palestina falava o aramaico em casa, usava o hebraico na leitura da Bíblia, e usava o grego no comércio e na política. Quando aconteceu dos apóstolos saírem da Palestina para pregarem o Evangelho aos outros povos, eles adotaram uma tradução grega do A.T, estabelecida no Egito no século III a. C para os judeus imigrantes que já não falavam mais nem o hebraico nem o aramaico. Esta tradução grega foi nomeada de Septuaginta ou Setenta. Na época em que ela foi estabelecida, o cânon sagrado ainda não estava concluído. Desse modo sucedeu que a tradução grega ficou mais comprida do que o cânon escrito em hebraico. Dessa diferença entre a Bíblia hebraica da Palestina e a Bíblia grega do Egito surgiu a discrepância entre a Bíblia protestante e a Bíblia católica. Os protestantes escolheram a Bíblia mais curta e mais antiga, escrita em hebraico, e os católicos, seguindo o exemplo dos apóstolos, escolheu o cânon mais longo, escrito em grego. O Alvissarismo, por sua vez, adotou a tradução grega, estabelecida pelos apóstolos e adotada pelos católicos, mas incluiu em seu cânon o Livro de Enoc citado no N. T no Livro de Judas, Hebreus e 2º Pedro. Há oito livros a mais na Bíblia Alvissarista em relação a Bíblia Protestante e um livro a mais em relação a Bíblia Católica: Tobias, Judite, Baruc, Eclesiástico, Sabedoria, os dois livros dos Macabeus, além de algumas partes do livro de Daniel e Ester e o Livro de Enoc.

 

A Bíblia contém o discurso de Deus. E quem poderá interpretá-lo? O discurso de Deus está exposto em forma de uma doutrina que contém histórias, provérbios, profecias, cânticos, salmos, lamentações, cartas, meditações, filosofias, romances, cantos de amor, biografias, genealogias, poesias, parábolas, mitos, comparações, tratados, contratos, leis para a organização do povo, leis para o bom funcionamento da liturgia; histórias alegres e histórias tristes, fatos concretos e fatos lendários, coisas do passado, do presente e do futuro.

 

Qual é o centro de gravidade da Bíblia? Qual a sua mensagem central? Bem, em resumo, o centro de gravidade da Bíblia é o Nome de Deus! O Nome de Deus é: “Eu sou o que sou”; é com esse nome que Deus se apresenta a Moisés. Toda a mensagem da Bíblia gira em torno de um Deus cujo nome é “O Indizível”.

Moisés disse a Deus: “Mas, se eu for aos Israelitas e lhes disser: ‘O Deus de nossos pais enviou-me a vós’, e eles me perguntarem: ‘Qual é o seu nome? ’ Que lhes devo responder?” Deus disse a Moisés: “Eu sou aquele que sou. Assim responderás aos israelitas: ‘Eu sou’ envia-me a vós”. (Êxodo; 3: 13 a 14).

Deus é também denominado Javé, cujo sentido ele mesmo revelou e explicou ao povo (Êxodos; 3: 14). Javé significa Emanuel, ou seja, Deus conosco; Deus presente no meio do povo para libertá-lo. Deus é a presença libertadora. Deus libertou o povo da escravidão no Egito e libertou a humanidade da morte através da ressurreição da alma de Jesus Cristo. Pela ressurreição de Jesus, Deus venceu a morte e abriu para a humanidade as portas para a vida eterna. Nisso resume-se a mensagem central da Bíblia: a existência de um Deus Indizível (Eu sou o que sou), criador do céu e da terra, e que fez o homem para ser imortal. O Nome de Deus (O Indizível) é o centro gravitacional da Bíblia, tudo gira em torno desse nome (Eu sou o que sou). Tantas vezes Deus afirma: “Eu quero ser Javé para vocês, e vocês devem ser o meu povo!”. Ser o povo de Deus representa serem os filhos de Deus, o que significa ser uma família onde não há opressão como no Egito; onde o irmão não explora o irmão; onde reina o amor, a justiça e a caridade, o direito, a verdade e a lei de Deus. Esta é a mensagem central da Bíblia: o apelo que o Nome-do-Pai faz a todos os homens que querem fazer parte da sua família.

 

Estabelecida a mensagem central da Bíblia, o povo de Deus continuou a caminhar, mas diante dos pecados constates do povo, desviados por falsos lideres, o Pai Eterno se viu obrigado a enviar profetas para denunciar a situação pecaminosa em que se encontrava o povo, que muitas vezes esquecia o chamado de Deus e se acomodava, pois, em vez de servirem a Deus, queriam que Deus servisse a um projeto de vida que eles mesmos haviam criado para viverem no luxo e na ostentação. Invertiam a situação. Tal como hoje em dia fazem os chamados teólogos da prosperidade. É nestas horas que surgiam os profetas para denunciar o pecado e para reestabelecer a vontade de Deus nas almas das pessoas. Diante dos pecados constantes do povo, desviados por seus falsos lideres, os profetas começaram a alimentar no povo a esperança de que no futuro surgiria um novo líder, fiel e verdadeiro, chamado Messias.

 

Para concretizar a palavra dos profetas e realizar a missão do Messias prometido, Deus não enviou qualquer um de seus servos a terra; em verdade, Deus enviou o seu próprio Filho! Jesus, o Filho de Deus, veio a terra para realizar a promessa do Pai Eterno anunciada pelos profetas. Jesus, o Filho de Deus trouxe a libertação do pecado para o povo e anunciou a Boa Nova do reino celestial aos pobres. Como nós sabemos, a pregação de Jesus de Nazaré agradou somente aos pobres. Os doutores da lei, os fariseus, os saduceus e os sacerdotes pensavam que a vinda do Reino inverteria a situação política dos judeus, mas não haveria uma mudança real no relacionamento entre os homens e os povos. Os judeus, dominados pelos romanos, pensaram que o Messias viria para coloca-los por cima dos romanos. Na cabeça dos judeus, o Messias viria para fazer com que eles se tornassem senhores e os romanos se tornassem seus escravos. A questão é que não era desse modo que Jesus entendia o Reino de Deus. Jesus queria uma mudança radical. Para ele, o povo de Deus havia de ser uma família, um povo irmão e servidor, e não um povo dominador a ser servido pelos outros povos. Jesus pregava um Reino onde os irmãos serviam uns aos outros pelo amor, a justiça e a caridade. Jesus, o Filho de Deus deu inicio a essa mudança radical, colocou-se do lado dos mais pobres e marginalizados pelo sistema dos lideres judeus, denunciou esse sistema como contrário à vontade do Pai e chamava a todos para mudar de vida. O Alvissarismo faz na modernidade o que Jesus fez na antiguidade, ou seja, denuncia a democracia e o sistema capitalista como contrários à vontade do Pai e convoca a população para mudar o sistema político-econômico, indo da democracia para a teodemocracia e do capitalismo para o estruturalismo. Jesus convocou a população a mudar de vida, mas os grandes não quiseram, pois, o que era Boa Nova para os pobres e marginalizados era má notícia para os ricos e poderosos, pois Jesus exigia que eles renunciassem os seus privilégios injustos e as suas ideias de grandeza, de ganância, avareza e poder, assim como faz o Alvissarismo na modernidade, mas, o que é uma Alvíssara para os empregados, para o povo e para os religiosos, é uma abominação para os empregadores, para os políticos e ateus. Assim como os doutores da lei, os fariseus, saduceus e sacerdotes preferiram as suas próprias ideias e rejeitaram o apelo de Jesus e o mataram na cruz com o apoio dos romanos, também os empregadores, os políticos e os ateus rejeitarão o apelo desta Alvíssara e a odiarão.

 

É através do Evangelho e desta Alvíssara que o Pai mostra de que lado ele está. Usando seu poder da vida, Deus ressuscitou a alma de Jesus. Animados pela revelação da imortalidade da alma, os seguidores de Jesus, isto é, os primeiros cristãos, organizaram as suas vidas em pequenas comunidades e viviam em comunhão fraterna, tinham tudo em comum e já não havia mais necessidade entre eles. Nisso se fundamentou a primeira comunidade cristã.

Frequentavam com assiduidade a doutrina dos apóstolos, as reuniões em comum, o partir do pão e as orações. De todos apoderou-se o medo à vista dos muitos prodígios e sinais que faziam os apóstolos. E todos que tinham fé viviam unidos, tendo todos os bens em comum. Vendiam as propriedades e os bens e dividiam com todos, segundo a necessidade de cada um. (Atos; 2: 42 a 45)

 

É notório que essa passagem demonstra claramente que a primeira comunidade cristã fora fundada através do comunismo. Na verdade, em termos econômicos, o cristianismo é essencialmente comunista, pois suas primeiras comunidades foram fundadas através de um comunismo real, onde não havia propriedade privada e os bens eram comuns a todos na sociedade, porém, é preciso lembrar que o comunismo cristão tem pouca relação com o comunismo idealizado por Marx. No entanto, chega a soar estranho aos nossos ouvidos ouvir um sujeito que se diz cristão (Papa, Padre, Pastor, Santo ou Sábio) defender com unhas e dentes o capitalismo, que, como vimos, é um sistema econômico absolutamente oposto ao que foi apregoado por Jesus de Nazaré. Um cristão que defende o capitalismo é qualquer coisa menos cristão, pois não há relação alguma entre o cristianismo e o capitalismo. Unir o cristianismo e o capitalismo, tal como fizera o protestantismo, é como colocar sal no café ao invés de açúcar. O Alvissarismo, no entanto, não defende nem o comunismo nem o capitalismo; esta Alvíssara traz à luz um meio-termo entre os opostos. Nós defendemos um sistema econômico onde os meios de produção são ao mesmo tempo privados e públicos. O Alvissarismo não é nem de Direita nem de Esquerda, o caminho do Alvissarismo é o Caminho do Meio. O que nós buscamos é o equilíbrio, a harmonia entre os opostos. A sociedade estruturalista proposta pelo Alvissarismo é a síntese entre o capitalismo e o comunismo.

 

Como a Bíblia deve ser lida e interpretada? O método de interpretação da Bíblia não deve ser outro senão o Estruturalismo Dialético. Ao estudar a Bíblia, o homem deve refletir sobre a realidade; Jesus soube criar um ambiente dialético que forçava as pessoas a refletirem sobre os problemas existências que enfrentavam. Nas conversas com Jesus apareciam os problemas da realidade: a tristeza, o desânimo, a angústia, o desespero, a frustração. Jesus usou a Bíblia não tanto para interpretá-la e ensiná-la, mas sim para através dela interpretar os fatos da existência e dar esperança ao povo sobre a imortalidade. Quando a Bíblia é interpretada através do método estruturalista dialético a hermenêutica atinge o seu objetivo e acontece o milagre da mudança da realidade: as pessoas percebem a força da Palavra de Deus presente nos fatos do dia a dia, começam a praticá-la e tudo se transforma; os olhos e corações se abrem, as pessoas mudam e se regeneram. A cruz, símbolo de angústia e desespero torna-se símbolo da vida e da esperança; o medo desaparece e a coragem reaparece; as pessoas se unem em prol de um mesmo ideal: espalhar a Boa Nova sobre a ressurreição da alma de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A Palavra de Deus encontra-se tão somente na Bíblia? “Toda escritura divinamente inspirada é útil para ensinar, para repreender, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e capacitado para toda boa obra” (Timóteo; 3: 16). Esta Alvíssara é a extensão da Torá, do Evangelho e da Codificação Espírita. Assim como esses três livros, ela também foi inspirada por Deus, e por isso é por nós considerada a Palavra de Deus. Pela paciência e consolação desta Alvíssara, permaneçamos firmes na esperança de um mundo melhor.

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